O título é de reportagem iniciada nesta segunda-feira, 19, pelo jornal paulista O Estadão, que promete revelar em uma série de textos dados do crime organizado no poder público brasileiro. De olho nas eleições de 2024, criminosos estão investindo em candidaturas em busca de novas oportunidades para lucrar e lavar dinheiro do tráfico de drogas.
A estratégia não é exatamente uma novidade, mas é crescente sua utilização. No Rio de Janeiro, já existem revelações concretas da influência de clãs milicianos no processo eleitoral e seu resultado. No Nordeste, ação do Comando Vermelho acabou no assassinato de um parlamentar.
O trabalho investigativo é dos jornalistas Marcelo Godoy, Heitor Mazzoco e Rayanderson Guerra. O pagamento milionário de uma prefeitura, por meio de contratos aditivos, para empresas de transporte ligadas ao crime, é uma das revelações da reportagem.
Aliás, o uso de empresas de transporte para lavar dinheiro já vem de um tempo. Em junho de 2022, a Polícia Civil de São Paulo deflagrou uma operação para investigar o envolvimento do vereador Senival Moura (PT) em um crime de homicídio, além de supostas ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC) na gestão de uma empresa de ônibus da capital paulista.
Foram autorizadas pela Justiça buscas em oito endereços ligados ao vereador e a outros suspeitos. Duas prisões temporárias foram decretadas.
O ex-ministro Ciro Gomes, candidato à presidência da República em 2022, em várias entrevistas alertou autoridades sobre a entrada, cada vez maior, das facções criminosas nos poderes constituídos, apontando preocupação especial com os governos locais.
Ciro disse que no Ceará, por exemplo, a presença de facções foi ampliada e que os criminosos estão se inserindo nas funções públicas da área judiciária do país, por meio de concurso, para dominar o Estado.
Em palestra na OAB do Ceará, em junho de 2023, Ciro Gomes disse: “A violência crescente e a expansão das facções criminosas são uma realidade que está tomando um nível de maturidade absolutamente ameaçador; não pense que há qualquer exagero no meu argumento, com o domínio territorial das facções criminosas e do crime organizado sobre as estruturas das cidades. “