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Petróleo na margem equatorial: doutor em geofísica diz que não existem corais no litoral amazônico

Doutor em Geologia e Geofísica diz que o que existem são algas mortas, calcáreas, antigas, na região da foz do Amazonas.
Pesquisador e doutor em Geofísica da UFF, Alberto Figueiredo, não ve risco à vida marinha.

Com informações do Blog

Uma das razões do impasse colocado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para não conceder a licença ambiental para que a Petrobras faça teste exploratório no bloco FZA-M-59 é a suposta existência de recifes de corais denominados Grande Sistema Recifal do Amazonas.

O assunto chegou a ser tema de artigo publicado em 2016 na revista “Science Advances,” segundo o portal Diário do Amapá. O portal, esta semana, publicou uma entrevista com mais um pesquisador brasileiro que desmonta a existência desses corais, propagado pelo mundo e levado ao conhecimento do Ibama por uma organização não-ambiental chamada Greenpeace, que se manifesta repetidamente contra a exploração do petróleo na Margem Equatorial do Brasil, um projeto estratégico da Petrobras, que tem o direito de concessão para explorar o FZA-M-59 desde 2013.

Essa organização fez até campanha questionando os riscos do empreendimento, sem o menor conhecimento sobre esses organismos do ecossistema marinho, como demonstrou o pesquisador do Pará Luís Ercílio Faria Junior, doutor em Ciência Naturais da Universidade Federal do Pará (UFPA), que estudou a Foz do Amazonas.

Em junho, em entrevista ao Petronotícias, Luís Ercílio disse que o Greenpeace manipulou dados e informações de diversos estudos científicos realizados ao longo de décadas, e que o Ibama, lamentavelmente, se apropriou das informações como se fossem verdadeiras.

Na verdade, disse o pesquisador, os “corais ameaçados” tão propagados pela ONG correspondem a um outro tipo de estrutura: “Os mapas oficiais garantem que as regiões indicadas pelo Greenpeace como ‘Corais da Amazônia’ são, na verdade, rochas calcárias”, alertou. Na verdade, a região assinalada pela organização indica a existência de rochas carbonáticas ou calcárias, e disse que fotos apresentadas de corais são falsas.

Por causa dessa campanha de questionamento dos riscos do empreendimento e a lentidão do processo de licenciamento, a BP Energy, empresa que arrematou o bloco junto com a Petrobras em 2013, saiu do negócio. A Petrobras então adquiriu o direito de explorar sozinha o FZA-M-59, mas até hoje isso não ocorreu.

O pesquisador entrevistado pelo Diário dao Amapá também contesta a existência dos corais amazônicos. O professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutor em Geologia e Geofísica Marinha, Alberto Figueiredo, diz que os organismos seriam “algas mortas” e que não há nada de excepcional na presença deles na região.

“A maioria é muito antiga, com até 17 mil anos. No meio dessas algas você pode encontrar um ou outro indivíduo vivo, mas não é essa exuberância toda que foi colocada. Essas algas calcárias geralmente estão colocadas na borda de plataforma. Elas se estendem por todo o Caribe, foz do Amazonas e vão até o litoral do Estado de Santa Catarina (no Sul do Brasil). Então, elas estão inclusive em outras regiões onde há produção de petróleo como as bacias de Campos (no Rio de Janeiro) e de Santos (em São Paulo), onde a existência dessas algas calcárias é até maior do que no Norte brasileiro”, afirma Figueiredo.

Autor do artigo “Mitos e verdades sobre os ‘corais da Amazônia’”, Alberto Figueiredo diz que os seres encontrados não podem receber essa denominação, pois precisariam ter acesso à luz para serem caracterizados como corais.

Outro aspecto que ele destaca é que não haveria uma construção de recifes, como alegado por outros cientistas.

A Petrobras considera que apenas o potencial da bacia Pará-Maranhão seria da ordem de 20 a 30 bilhões de barris de óleo cru. Para se ter uma ideia dessa dimensão, as bacias de Campos e de Santos têm reservas comprovadas e contingentes de 40 bilhões de barris de óleo.

Os planos da Petrobras contemplam a bacia Pará-Maranhão e outras três localizadas na costa – Foz do Amazonas, Barreirinhas e Potiguar.

Para a empresa, perfurar poços previstos nos próximos cinco anos e ajudariam a segurança e a soberania energética do país em um contexto de busca por matrizes de energia limpa.

Veja a entrevista aqui