Picanha vira prato indigesto para Lula, que tenta evitar escalada no preço de alimentos

Produto se tornou símbolo da desconfiança dos eleitores no governo em conter a inflação.
Com os preços em alta, Lula está preocupado com a popularidade. Foto: José Cruz.

Demagogia eleitoral, a picanha virou prato indigesto para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque se tornou símbolo da desconfiança no governo em conter a inflação por parte dos eleitores que passam perrengue para comprar alimentos, aumentando de preço a cada compra nos supermercados.

O ano de 2024 saiu do calendário com alta no preço dos alimentos, situação que persiste em 2025.  E depois da barbeiragem com o PIX, é a maior dor de cabeça para o governo, que em 2023 fez comunicação ruim e precipitada da paternidade dos preços baixos e que “os brasileiros voltaram a comer picanha” graças a Lula.

Antes de meados de 2024, Lula disse que já estava comendo picanha e cerveja, mas quem não podia teria a opção de “comer uma verdura saudável.” Evidente que milhões não podiam, não podem e continuam sem poder devido à corrosão do salário pela inflação.

Analógicos, Lula e PT não se dão conta de que a sequência de declarações com o propósito de distorcer e manipular as pessoas em conjunturas desfavoráveis estão favorecendo com repercussão nos meios digitais a construção de uma memória muito especial por parte do eleitor. E 2026 está logo aí.

E claro que a seca, a enchente no Rio Grande do Sul e a alta do dólar em 27% ajudaram a deixar o preço da carne lá em cima, especialmente depois da redução do abate de bovinos ocorrida ainda no ano passado.

A alta de preços, porém,  tem muito a ver também com a direção dada à economia, às finanças do governo, e o condutor da área, Fernando Haddad, chega à segunda metade do mandato sem inspirar confiança, gerando apreensão no governo.

Dados do Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo apontaram uma subida de 7,69% no preço dos alimentos, com impacto maior no café (39,6%); óleo de soja (29,2%); alcatra (21,1%) e leite longa vida (18,8%). A vida para o consumidor está mais difícil.

Com os preços da comida nas alturas e a popularidade de Lula em baixa, o presidente na primeira reunião ministerial deste ano convocou os principais ministros a encontrarem meios de conter a alta dos alimentos, e teria dado bronca em Haddad por causa do imbróglio do PIX.

Esse encontro ocorreu (dia 20) depois da divulgação no dia 18 de levantamento do Instituto Paraná Pesquisas no qual 67,5% das pessoas entrevistadas dizem que, com Lula, os preços no supermercado subiram.

E 74,7% avaliaram que a situação financeira ficou pior ou igual após o petista assumir o poder pela terceira vez. Ou seja: o poder de compra da população está ladeira abaixo. São dados que azedaram certamente o humor de Lula.

Uma reunião no Planalto prevista para esta sexta-feira, 24, pretende encontrar saídas para diminuir o custo dos alimentos, um tema da equipe econômica, envolvendo mercado e inflação, como observou o ministro Carlos Fávaro (Agricultura). Ele disse também ao presidente Lula que medidas de abastecimento não estão mais na sua pasta.

Em ano pré-eleitoral, Lula e o PT estão acuados, mas não adianta se comportar, como é normalizado entre eles, colocando a culpa das crises na oposição, na imprensa ou no mercado.

Fernando Haddad adotou desde o primeiro dia de trabalho a função de coletor de impostos, focando a linha de atuação na ampliação da receita, deixando de lado ajuste estruturante na área fiscal para conter o rombo nas contas do governo. A divida pública está explodindo. Os salários corroídos.

O Planalto tem de primeiro encarar essa realidade: seu mais importante ministro não sabe o que fazer.