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Que os festeiros respondam pela má conduta e abram mão de respiradores, caso venham precisar!

“Essas pessoas não estavam trabalhando, não estavam levando o pão  para casa," disse Máximo.
Secretario da Saúde Fernando Máximo. Foto: Italo Ricardo.

Insone, na madrugada de segunda-feira,13, vi a live do secretário de Saúde Fernando Máximo, cansado com tudo que tem de providenciar nestes dias de ansiedade e incertezas, e chocada fiquei com a confirmação do que já vinha rolando nas redes: em uma festa na região central de Porto Velho, no dia 4 de abril, várias pessoas teriam sido supostamente contaminadas pelo coronavírus.

O secretário prometeu que a Polícia Civil irá investigar as pessoas que, doentes, descumpriram a quarentena e contaminaram outras. Dezenas de festeiros se abraçaram, se tocaram, apertaram as mãos, sem nada temer, imunes à “gripezinha” que sacode o mundo. Mais: apurei que haviam médicos e outros profissionais da área de saúde.

Essas pessoas, avisou Máximo, serão responsabilizadas criminalmente. Eu espero sinceramente que sejam. Não posso, movida pela indignação com a falta de responsabilidade pessoal e social, excluir deste Contraponto a cobrança pela criminalização daquele que supõe liderar a nação, incentivando a desobediência aos ritos sanitários de controle da expansão do vírus, toda semana. Um perfeito Nero, como chamou a The Economist.

A  lei vale para todos, e o estímulo ao fim do isolamento pelo presidente tem contribuído para que os fanáticos apropriados do verde e amarelo em espetáculos de ignorância e estupidez impeçam ambulâncias de trafegar, façam carreatas pró-pandemia e saiam as ruas com falsos caixões debochando dos mortos!

“Essas pessoas não estavam trabalhando, não estavam levando o pão  para casa, estavam na verdade se divertindo, colocando em risco sua vida e das outras pessoas, inclusive das que cumprem o decreto do governador”, disse Máximo, após afirmar que estava revoltado.

São estas mesmas pessoas, continuou na live, que depois da festa e da contaminação irão “criticar o SUS e precisar, quiçá, de respirador,” disse o secretário, parafraseando o ministro Henrique Mandetta.

A terça-feira, 14, teve agitação porque na segunda boletim da Agevisa normalmente expedido aos jornalistas sobre a evolução dos casos de coronavírus em Rondônia deixou de ser emitido. A Comunicação do Governo alegou que precisavam ser confirmados casos suspeitos de “evento particular na capital.”

E foi em meio à expectativa dos números, sempre eles, que o secretário fez coletiva de imprensa para dizer que 17 pessoas são assintomáticas, estão sendo vigiadas, e outras 4 tiveram o diagnóstico confirmado para covid-19. Segundo o portal G1, outras 16, que não estavam nesta festa e nem em uma outra realizada dia 11, sábado, estão sendo monitoradas pelo sistema de saúde.  Vamos torcer para que não se revele maior o número de infectados.

O secretário e tantas outras autoridades da saúde têm responsabilidades hercúleas e, assim sendo, ao lidar com o desconhecido ainda e com pressão de toda ordem, nem deveria dispor de precioso tempo para todos os dias orientar e pedir a mesma coisa – não saiam de casa! Fosse o Brasil, claro, outro país.

Para esses desordeiros da lei que revelaram ao país indisposição para o chamamento da responsabilidade coletiva sugiro ao secretário Máximo aplicar conselho de uma médica de Campina Grande (PB): os faça assinar um termo de responsabilidade abrindo mão de um respirador, caso venham dele precisar.