O ex-presidente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), negou na sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) ter usado o órgão para monitorar autoridades. O interrogatório de Ramagem foi prestado na tarde desta segunda-feira, 9, quando o relator da Ação Penal (AP 2668), ministro Alexandre de Moraes, iniciou o interrogatório de oito réus do chamado núcleo principal do plano de tentativa de golpe.
O ex-chefe da Abin negou, ainda, ter utilizado a instituição para comprovar que houve fraude na votação eletrônica dos votos nas eleições de 2022, mas admitiu que cogitou criar um grupo de trabalho sobre o sistema de votação, mas que isso não chegou a ser executado.
Voto impresso
Ramagem disse também que tentou habilitar a Abin para participar do teste público de segurança das urnas, mas a proposta não decolou segundo ele por falta de tempo para viabilizar a proposta até as eleições de 2022.
Sobre anotações dele em formato doc.x, Ramagem disse que eram anotações privadas que poderiam servir para prestar alguma orientação ao presidente, e que não eram difundidas com nenhum membro do governo.
Negou que o documento “Presidente TSE informa.docx”, que para a PGR foi a base das afirmações sobre urnas eletrônicas feitas por Jair Bolsonaro em julho de 2021 em uma live, tenha sido compartilhado com o ex-presidente, embora os tópicos anotados se dirigissem a ele.
Ramagem disse que todas as anotações que dizem respeito a urna e ao processo eleitoral “sempre foram concernentes à discussão que estava tendo no mesmo período no Congresso Nacional sobre a votação da PEC 135/2019, votação ocorrida em agosto de 2021, sobre o voto impresso para fins de mais uma auditoria para complementar a urna eletrônica.”
“Era um pleito do governo que se passasse o voto impresso; depois disso não há em nenhum momento mais uma manifestação minha de ter falado sobre urnas eletrônicas,” disse a Moraes.
O interrogatório na primeira sessão dessa fase do julgamento foi encerrado às 20h com a fala de Mauro Cid e Ramagem. Moraes anunciou continuidade para esta terça-feira, 10, quando será ouvido o depoimento do ex-ministro da Marinha no governo Bolsonaro, almirante Almir Garnier.