“Remédios políticos no parlamento são conhecidos e são todos amargos,” disse Lira.
Depois do evento de lançamento do comitê de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, inacreditavelmente presidido por Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, fez um discurso no Plenário de clareza solar: acabou o limite e tolerância para idiossincrasias como por exemplo a que vê a China como inimiga, alvo de ataques frequentes por parte do presidente da República, seus filhos e ministro das Relações Exteriores.
A China, lembrou Lira, é o maior, senão um dos maiores fabricantes de insumos e imunizantes do planeta, e manter com o país asiático um mau relacionamento é não ter vacinas em quantidade necessária e urgente para o gigante Brasil. “Para vacinar, precisamos ter boas relações diplomáticas”, disse, registrando também a diplomacia com os norte-americanos.
Para muitos, o sinal amarelo de Lira ao comportamento negacionista de Jair Bolsonaro e de seu general da Saúde posto para fazer o que o chefe mandar talvez tenha chegado tarde.
Já temos, afinal, mais de 300 mil mortos, e certamente se a dupla maligna tivesse feito campanha na televisão e rádio para adoção de medidas preventivas, sido exemplos de conduta com uso de máscaras e defesa do isolamento social, parte das mortes teriam sido evitadas. Tem muita gente seguindo as orientações dissonantes da ciência e morrendo. E há pesquisas, inequívocas, de que governados imitam governantes.
Para bom entendedor, poucas palavras bastam. Lira disse que não é ideia do parlamento levar adiante CPIs, não é “hora de tensionamentos,” mas medidas com danos políticos não dependem apenas da Câmara dos Deputados.
“Depende também – e sobretudo – daqueles que fora daqui precisam ter a sensibilidade de que o momento é grave, a solidariedade é grande, mas tudo tem limite, tudo! E o limite do parlamento brasileiro, a Casa do Povo, é quando o mínimo de sensatez em relação ao povo não está sendo obedecido.”
Embora tenha dito que não estava “fulanizando”, o xeque dado foi mesmo na presidência de Bolsonaro. Lira disse que quando “a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável,” há de se reagir a altura, e neste caso “os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns, fatais.”
O que é isso senão o impeachment?
Está dado o recado.