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Respirador 15 vezes mais barato é criado por pesquisadores da USP

Professor Marcelo Zuffo diz que foi surpreendente a "generosidade da sociedade" na vaquinha online criada para arrecadar recursos para o projeto. Foto: USP.

Em fase de desenvolvimento e testes, equipamento pode ser feito em 2 horas.  

Blog da Mara com informações da Agência Brasil

Ao custo de R$ 1 mil, aproximadamente, enquanto respiradores no mercado custam R$ 15 mil em média, um ventilador pulmonar emergencial foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar da Escola Politécnica, da Universidade de São Paulo (Poli-USP), e poderá servir para pacientes de covid-19.

O protótipo, batizado de Inspire, mais duas vantagens: pode ficar pronto em menos de duas horas e é feito de peças que podem ser encontradas no país, ou seja, não há necessidade de componentes importados.

O modelo desenvolvido pelos pesquisadores da Poli-USP foi registrado com uma licença open source, o que significa que qualquer pessoa interessada pode acessar o passo a passo de manufatura e fabricá-lo. A exigência é de que se obtenha autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Nosso projeto é de um ventilador de emergência”, ressalta o professor Marcelo Knorich Zuffo, da Poli-USP, concebido para ser usado em uma situação de catástrofe, ocorrendo a condição de falta de ventiladores pulmonares comerciais. Zuffo divide a coordenação do projeto com o docente Raúl Gonzalez Lima, especialista em engenharia biomédica.

Eles já estão conversando com as autoridades de saúde pública para fazer uma delimitação clara sobre quais as circunstancias em que o produto deve ser usado.

O projeto está, atualmente, em fase de “integração e homologação”, com o sistema de inspiração e expiração já sendo testado, explica Zuffo. Agora a equipe também avança na validação química do padrão respiratório e mantém interlocução com o governo federal, para tentar emplacar parcerias que permitam a produção do ventilador em maior escala.

A última reunião foi realizada na terça-feira, 31, com representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, do Ministério da Saúde e da Anvisa.

Cerca de 40 pessoas compõem a equipe do projeto. Os pesquisadores têm passado até 18 horas do seu dia desenvolvendo as atividades, iniciadas no dia 20 de março.

Zuffo comenta que a iniciativa foi possível porque os membros da equipe já detinham conhecimento sobre a montagem de ventiladores pulmonares industriais. “Como nós tínhamos esse know-how à disposição na universidade, resolvemos criar meios para que esse conhecimento dos professores fosse disponibilizado à sociedade”, diz.

“A gente resolveu se mobilizar quando percebeu a dramaticidade dessa situação nos outros países. Temos relatos de que em Nova York não há ventiladores e, então, voluntários ficam apertando a bombinha para o paciente não morrer durante a noite.”

Site do projeto

O site do projeto e uma vaquinha online para arrecadar subsídios tiveram uma resposta surpreendente, segundo o coordenador Zuffo. Com intenção de divulgá-lo entre a comunidade científica, o projeto recebeu um volume expressivo de contribuições.

No site é possível acompanhar o diário de trabalho do grupo, que informa cada uma das etapas atingidas. “A gente abriu o site para criar um mecanismo de comunicação entre professores e a comunidade desse movimento. E já estamos tendo contribuições concretas. Há muita gente baixando e já começou a vir modelo de algoritmo, desenho de projeto industrial”, afirma.

Outra boa surpresa e que demonstra “generosidade” da sociedade é a arrecadação por meio da vaquinha online da quantia de R$ 161 mil.  “O resultado superou a expectativa dos pesquisadores que imaginavam juntar em torno de R$ 20 mil. A gente está tentando responder a esta generosidade da forma mais responsável e séria possível, a despeito da gravidade da situação”, disse o professor da USP.