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Saída para o Pacífico: histórica caravana de Rondônia completa 31 anos

A Saida para o Pacífico, passado tanto tempo, ainda encontra obstaculos para a consolidação.
Engenheiro Miguel de Souza comandou a Caravana da Integração em 1992. Foto: Reprodução/Redes sociais.

 A histórica caravana de Rondônia com 25 integrantes sob a liderança do então presidente da Federação das Indústrias de Rondônia (Fiero), Miguel de Souza, completa 31 anos  neste 17 de agosto. De lá para cá, o Brasil pouco avançou para consolidar a Saída para o Pacífico por meio da região Centro Oeste do país, cortando Rondônia via BR-364 e chegando ao Acre, estados da Amazonia Legal favorecidos pela rota, chegando aos mercados consumidores da Ásia.

Como se sabe, o Centro Oeste é uma explosão de produção agropecuária, e Rondônia, entre os Estados da Amazonia Legal, tem a singularidade de ter sido constituído por uma migração experimentada na produção agrícola, encontrando terra fértil e diversificada biodiversidade, destacando-se nacionalmente na pecuária, pescado, café, cacau etc.

Esse caminho percorrido pelos desbravadores rondonienses para se atingir o Pacífico já naquele distante agosto de 1992, em pleno verão amazônico, representa uma enorme potência econômica e uma estratégia geopolítica para o Brasil. Chamada também de Rota Interoceânica, está mais do que comprovado que o custo de frete e transporte de grãos e outros produtos do Centro Oeste, Norte e  demais Estados do Brasil para a Ásia por esse caminho é infinitamente menor do que o custo de exportações que saem via porto de Santos (SP), seguem o canal do Panamá até São Francisco (EUA) e depois cruzam o Pacifico.

Saindo definitivamente dessa rota, o Brasil se afasta de eventuais riscos que representam atualmente na geopolítica mundial as tensas relações entre Estados Unidos e China, não previstas pelos nossos desbravadores há 31 anos, certamente, que em sete veículos partiram na Caravana da Integração Brasil-Peru-Bolívia para conhecer de perto o trajeto dessa porta de ligação do Brasil com o Oceano Pacífico, uma discussão bastante antiga, antes mesmo da Segunda Guerra Mundial.

Visionário e estudioso, o engenheiro Miguel de Souza, que representou o povo rondoniense na Câmara dos Deputados, tornou livro a experiência da Caravana que percorreu 2.300 km em 14 dias, não sem perrengues e imprevistos, mas também realçada com a vibração espetacular de Machu Picchu. Empresários, jornalistas, técnicos e políticos integraram a caravana.

Nele está tudo documentado: os encontros com empresários brasileiros, bolivianos e peruanos; autoridades locais; gargalos na infraestrutura; projeto da estrada transoceânica; a zona franca industrial de Illo-Zofri-llo (Peru); o altiplano; encontro com o presidente peruano Fujimori e diversos documentos anexados como o Tratado de Cooperação Amazônico de 1978; Tratado de Amizade entre Brasil e Peru, de 1981 e Declaração de Rio Branco entre outros.

Ele nos conta que em seminário anterior à viagem, sob promoção da Confederação Nacional da Indústria (CNI), duas objeções teriam sido indicadas contra a saída do Brasil para o Pacífico, uma delas – adivinhe! -, a de escopo ecológico.

Ao apresentar o livro, Souza diz: “A questão ecológica não inviabiliza a proposta, apenas exige maior empenho técnico na sua implantação.” Perfeito.

Mais adiante, nova dose de lucidez: “O conceito de proteção ecológica implica uma relação de equilíbrio dinâmico entre a ação do homem e a preservação da natureza, em favor do bem-estar desta e das próximas gerações. Jamais poderemos confundir isso com uma aversão mórbida a iniciativas de progresso, de melhorias de condições materiais para os que, enfrentando condições objetivas de atraso, são vítimas da mais secular das degradações ecológicas: aquela que destrói a dignidade do próprio homem, num ambiente social de miséria e isolamento.”

31 anos depois, tragicamente dezenas de vítimas das degradações ecológicas estão em exposição na CPI das ONGs. Entidades já identificadas pelo colegiado abusam da confiança de humildes brasileiros e, em conluio com uma política ambiental que abdicou da autonomia, estão levando amazônidas ao desespero da fome e da fuga de suas terras.

Na véspera do aniversário da caravana, que fez a conexão do Brasil Profundo com os portos de Illo e Matarani, no Peru, comprovando-se a concreta viabilidade da rota palmilhada para o progresso e desenvolvimento das exportações a mercados asiáticos promissores, o relator da CPI, senador Márcio Bittar(União-AC), informa que há uma organização não governamental impedindo o avanço da conexão que já faz com o Acre a BR-364, agora em direção ao Peru.

É trágico. É preciso reação contundente dos atores eleitos da Amazonia Legal. Que se posicionem de forma similar aos desbravadores que avistaram o Oceano Pacífico após duas semanas de jornada, inspirando brasileiros a não esmorecer e empreender ações para impedir que o Brasil seja menor do que nunca foi.

Sua grandeza, capacidade e potencial econômico são tão óbvias quanto a ingerência externa em conluio com maus brasileiros para deliberadamente atrasar projetos como o da Saída para o Pacífico. Não permitamos mais que isso continue.