Pesquisar
Close this search box.

Taxação das blusinhas em compra de R$ 100 dá R$ 40,40 de imposto. Tá bom pra você?

Não convence o argumento de que a taxação das blusinhas dos sites estrangeiros alivia para as brasileiras uma situação de concorrencia desleal.
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Rovena Rosa.

Fiz aqui uma continha simples e parece que incorreta não está (nunca fui boa de matemática): com a comprinha online de R$ 100 em blusinhas das varejistas do sudeste asiático como a Shopee e Shein o desembolso só de impostos será de R$ 40,40 caso o Senado Federal aprove a taxação dessas empresas estrangeiras.

Está bom pra você? Eu considero escorchante, abusivo. Com essa facada compro pão para mais de um mês. Vejam que tento me manter longe do trigo.

É uma paulada nas classes C, D e E, 88% do perfil dos clientes da Shein.

Obviamente o “governo dos pobres” sabe disso. Cortar despesas, reduzir em pelo menos 10% o volume de isenções tributárias ao longo dos anos concedidas sem critério ou taxar ricaços que vivem do rentismo e acionistas milionários das estatais nem pensar.

Tem gente que acha que o governo Lula3 tenta, mas dá muito trabalho. Com base em fatos pretéritos, e diante da ausência de um projeto claro para o país, o fato é que evidencia-se de forma patente que a firmeza e boa gestão, o que inclui coerencia e transparencia, passa ao largo de mais uma temporada petista.

Além dos 20% de Imposto de Importação (II), um tributo federal, aprovados por meio de um jabuti – texto alienígena incluído em projeto de lei sobre outro assunto -, e que o governo Lula 3 tentou dizer que não tinha nada com isso mediante os bem pagos propagandistas digitais, incide sobre essa compra 17% de imposto estadual, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. É a média do cobrado nos Estados.

Então, taxando a compra de R$100 em 20% do II o consumidor das classes C, D e E pagará R$ 120, que somados à incidência dos 17% do ICMS terá sua compra final arrochada em R$ 140,40.

Só mesmo por um milagre o Senado Federal irá derrubar o que os deputados aprovaram, e se tal acontecesse seria mantida a isenção do II para compras de até US$ 50 (equivalente a R$ 260) nessas varejistas.

Foi em uma votação vexatória, para dizer o mínimo, em razão da covardia de não se declarar o voto nominalmente, que a Câmara dos Deputados a derrubou.

Votação simbólica, para que a população atingida, a que interessa na eleição, não saiba o nome dos parlamentares acordados com o governo Lula 3 como bem revelou o líder José Guimaraes (PT-CE).

Eles votaram o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), proposta destinada ao desenvolvimento de tecnologias na produção de veículos que emitam menos gases de efeito estufa, sangrando o bolso do trabalhador com a emenda alienígena apresentada pelo deputado Atila Lira (PP-PI).

Fiquemos atentos à que vantagem política eventualmente Lira terá por parte do governo em ano de eleição em seu quintal, o Piauí.

A taxação conflituosa de avanços e recuos das varejistas asiáticas, negada em postagem inadequada(entre tantas) da primeira-dama, em declarações vacilantes de Fernando Haddad, adicionado o ingrediente dos últimos dias estampado pela impressa amiga de que o Presidente da República não queria que o expediente prosperasse, é mais uma inadequada condução da área fiscal do governo e ingrediente entre tantos que confirma a ânsia por aumento de arrecadação e zero plano de reduzir despesas.

No mais, não convence o argumento de que a taxação alivia para as varejistas brasileiras uma situação de concorrência desleal, e que agora poderão gerar mais empregos. Veremos muito em breve se estarei correta ou não.

Governo sério e que tem projeto, com programas e metas a perseguir, corre atras de fazer sua parte para que empresários nacionais possam produzir em condições que, internamente, permitam oferecer preços atraentes ao consumidor.

O retardo tecnológico na indústria e os juros altos são fatores, entre outros, que não favorecem a competição com bens de consumo estrangeiros.

Resta agora saber se o Senado também aprovará a medida numa votação simbólica, o que será uma nova dupla derrota para o consumidor brasileiro.