Orçamento do Congresso Nacional é maior do que o orçamento de Rondônia para 2020.
Tratado como a Geni da democracia, o Congresso Nacional precisa revisar seus gastos. O parlamento brasileiro é o segundo mais caro do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Nem mesmo o déficit fiscal de R$ 124 bilhões desperta senadores e deputados da inconsciência cívica, para atender interesses maiores do país.
De vez em quando, arrumam mais despesas. Na segunda semana de fevereiro, por exemplo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ampliou o benefício do plano de saúde da Casa para filhos e enteados dependentes de parlamentares para até os 33 anos de idade.
A imprensa, atacada sem piedade pelos bolsonaristas extremistas, pediu o estudo que Alcolumbre disse demonstrar ausência de impacto no orçamento, sem obter resposta.
É claro que há algum impacto, e a grande maior da população brasileira sequer pode sonhar com um plano igual ao do Senado, mendigando atendimento indigno na rede pública.
Há gorduras para cortar, e as excelências precisam de vez por todas abrir mão de privilégios da época do Império; é uma iniquidade, e não é pedir muito que mirem-se na Suécia, onde os representantes da população andam de metro ou bicicleta, limpam apartamentos mínimos onde moram e dispensam um bando de puxa-saco em seus mandatos.
A militância bolsonarista, caso reexamine seu extremismo e demonstre algum apreço pela democracia, ao invés de desejar o banimento das instituições que em sua visão desagradam e impedem Jair Messias Bolsonaro de governar, deveria, na convocação do dia 15 de março:
Pedir revisão do gasto anual das duas casas legislativas, contempladas no orçamento para 2020 aprovado em meados do ano passado, com R$ 10,7 bilhões de reais; esta dinheirama é maior do que o orçamento de muitas cidades grandes e até de Estados, como o de Rondônia, cujo orçamento aprovado é de pouco mais de R$ 8 bilhões; e
Incessantemente, pedir aos senadores e deputados que tomem vergonha na cara e encarem de vez a tarefa de examinar o gasto com a dívida pública, que representa em 2020, pasmem, 50,7 % do total do orçamento da União de R$ 3,8 trilhões.
Leitores, a sangria no orçamento com a dívida pública que consumirá R$ 1,9 trilhão, referindo-se à amortizações, juros, financiamentos e encargos financeiros da dívida é o maior crime perpetrado contra o Brasil. Por isso, não há dinheiro onde ele precisa chegar, como impedir que desmoronamento de encostas e alagamentos continuem matando pessoas ou investir e zelar pelo maior patrimônio nacional, a Amazônia.
É inconcebível drenar para agiotas, rentistas de bancos milionários, empresários inescrupulosos e financistas o suado dinheiro da produção de trabalhadores do país.
O Congresso Nacional não pode continuar omisso e deixar de debater essa que é a maior despesa do orçamento do Brasil, cada vez mais crescente, restringindo a execução de gastos públicos essenciais.
Esta bandeira tem amparo constitucional, é legítima. Bradar pelo fechamento das instituições desonra a própria história de lutas pela liberdade protagonizadas pelo povo brasileiro.