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Uma campanha sem vacina. Quanta desfaçatez!

É mais do que patente o baque sofrido por Bolsonaro por ter de aceitar a "vacina chinesa do Dória."
Eduardo Pazzuelo lança campanha sem vacina. Foto: Divulgação.

Li no site do Ministério da Saúde que a pasta lança nesta quarta-feira, 20, uma campanha publicitária com um filme de duração de um minuto para mostrar à sociedade “a capacidade do país de promover a vacinação contra a Covid-19.”

“Brasil imunizado. Somos uma só nação”, é o conceito da campanha.

Tudo muito bom, tudo muito bem, se tivéssemos vacina. Milhões delas. Mas é uma campanha publicitária sem vacina. É como se times de futebol em todas as regiões do país fossem a campo num torneio nacional sem a bola.

A “vacina chinesa” do Dória, que Jair Bolsonaro disse que não compraria de jeito nenhum, é a ÚNICA disponível e só vacina, por enquanto, profissionais de saúde, alguns poucos idosos e indígenas. E, a julgar pelo que disseram infectologistas ontem, para atender esses bravos profissionais em duas dosagens seriam necessárias aproximadamente 10 milhões de doses. E a incerteza sobre a chegada de mais vacinas causa apreensão.

Por enquanto, o Butantan entregou ao Ministério da Saúde 4,6 milhões de doses ficando com o restante das 6 milhões produzidas para vacinar o grupo prioritário de São Paulo. Fica aqui a anotação de que Eduardo Pazuello, o que se diz ministro da Saúde e expertise em logística, apostou no retrabalho – quis porque quis a entrega das 6 milhões de doses, para depois devolver a cota paulista!

Ideologia e despreparo dão o tom da indigesta condução do Ministério da Saúde, algo nunca visto desde a redemocratização.

O texto do filme que irá ao ar diz ser “O Brasil gigante” e que vacinar os brasileiros é um desafio também gigante e que vai além da saúde “por se tratar de uma questão humana, social e econômica.”

Gigante é a desfaçatez do governo Bolsonaro: todos sabemos que o governo brasileiro é negacionista, fez campanha de verdade contra as medidas de isolamento, contra a própria vacina e incessante ataque à Coronavac por ser da China, desprezando totalmente a ciência e a história do Instituto Butantan.  Não nos esqueçamos disso.

É mais do que patente o baque sofrido por Jair Bolsonaro por ter de aceitar a “vacina chinesa do Dória.” A campanha publicitária que se inicia é, como quase tudo neste governo, um blefe gigante, patrocinado por gente criminosa e sem escrúpulos.