Uma vez lobista possivelmente sempre lobista. A grana é alta e o produto é substantivo: trata-se da Petrobras. Quem é Jean Prates, o petista do Rio Grande do Norte que o Luiz Inácio Lula da Silva quer colocar no comando da empresa?
Antes de ser senador, foi lobista da área de petróleo segundo a Associação de Engenheiros da Petrobras (AEPET), entidade fundada em 1961 que tem forte atuação da defesa da soberania nacional, da Petrobras e de seu corpo técnico. O passado de Prates e sua visão privatista preocupam a associação.
Em novembro, quando começou a ser ventilado para a presidência da empresa o nome de Prates, senador com encargo de dirigente partidário e que atuou na campanha da governadora eleita Fatima Bezerra (PT-RN), a AEPET fez ressalvas à escolha do senador devido a seu histórico no setor de petróleo.
Estamos no apagar das luzes do ano de 2022. Para colocar Aloízio Mercadante no BNDES, um anúncio anterior a nomes ministeriais, Lula da Silva jogou com o Centrão para alterar a Lei de Estatais, a fim de premiar o ex-ministro de Dilma e, claro, o “lobista” Jean Prates. Sem mudar a lei, ferindo o interesse público, não poderia nomear os dois, envolvidos em campanhas políticas.
O site Poder360 diz nesta sexta-feira, 23, que o “senador do Rio Grande do Norte é dado como certo na presidência da estatal.”
Muito bem. A AEPET, para confirmar é só fazer busca no google, alerta que a visão do senador petista “destoa de qualquer projeto de reconstrução da Petrobras,” pois ele “age como lobista de estrangeiras, defende leilões dos campos brasileiros e ignora o desastre que é o PPI nos preços dos combustíveis.” PPI é Paridade Preço Internacional, utilizada para pagar pelos combustíveis com preços dolarizados, quando na produção se utiliza o real, prejudicando o consumidor brasileiro, que paga muito caro por cada litro de combustível.
Prates, em 1999, governo FHC, era presidente da Expetro, empresa de consultoria internacional situada no Rio de Janeiro, e que auxiliava empresas que queriam participar de leilão da Petrobras, que sofreu no governo tucano a implementação da quebra de monopólio.
Pois não é que, conta a AEPET, em reportagem publicada pelo Globo ele criticava a exigência da documentação em português, dizendo que isso poeeria atrasar o leilão lançado na praça? Dá para ver, por aí, o apreço pelo zelo e cuidado com o interesse nacional do país numa transação vultosa como geralmente são esses leilões.
Para saber mais do que diz a Associação dos Engenheiros da Petrobras sobre este senhor um bom texto é este de novembro, bem atual.