Há 33 anos na Amazônia, Imazon diz que 15 milhões de hectares na região estão abandonados

À CPI das ONGs, a entidade disse também que identificou 5 milhões de hectares na Amazonia Legal que estão em renegeração.
Ritaumaria Pereira, diretora-executiva do Imazon. Foto: Geraldo Magela.

Há 33 anos exercendo atividades de pesquisa na Amazônia, o Instituto do homem e Meio Ambiente da Amazonia (Imazon) identificou 15 milhões de hectares na Amazonia Legal, constituído por nove Estados, que estão abandonados, sem uso. O dado foi apresentado pela diretora-executiva da entidade, Ritaumaria Pereira, à CPI das Ongs nesta terça-feira, 19.

O Imazon também diagnosticou que 5,2 milhões de hectares estão em regeneração de floresta na Amazônia brasileira, “em áreas que não são adequadas para a produção agropecuária,” disse Ritaumaria. “O Imazon recomenda o desenvolvimento de políticas públicas, de pagamento por serviço ambiental, para que essa floresta continue crescendo em harmonia com a produção agropecuária, “disse.

Ritaumaria, do Imazon, e senador Plinio Valério, presidente da CPI. Foto Geraldo Magela.

A diretora-executiva do Imazon disse que o grande dilema da pecuária na Amazônia é que a grande maioria, 90%, está convertida em pastos, sendo a maioria deles degradados.

“E é uma atividade de baixa produtividade. Quando produzimos estudos, recomendamos aumentar a produtividade na região para que não seja necessário abrir novas áreas de pastagem,” disse, citando o “bom exemplo” de Paragominas (PA) no qual foi demonstrado que, com a execução dos estudos e técnicas, os pecuaristas elevaram a produtividade e lucro.

Com a missão de promover conservação e desenvolvimento sustentável na Amazonia, o Imazon atualmente tem 47 funcionários e estagiários contratados, 94% deles, segundo a diretora-executiva, dos Estados da Amazonia. É uma equipe multidisciplinar, dedicada “a estudar as causas e efeitos dos problemas na Amazônia, por exemplo o desmatamento e baixa produtividade na pecuária da região.”

Na categoria de Organização da Sociedade Civil de Interesse Publico (Oscip),o Imazon desenvolve cinco programas, entre eles restauração de pastagens e restauração de paisagens.  De forma pioneira, fez estudos e pesquisas sobre manejo florestal a partir de 1990. Sua atividade de pesquisa é amparada pela lei 13019, de 2014.

“Não havia regras de exploração madeireira de forma sustentável e havia dúvidas sobre viabilidade econômica do modelo sustentável. Fizemos os estudos, publicamos em revistas cientificas, demonstrando a viabilidade econômica do manejo florestal na Amazonia e fizemos o diagnóstico do setor madeireiro até 2010, tornando-se referência para o setor público e privado,” disse Ritaumaria, engenheira agrônoma formada na Universidade Federal da Bahia com pós-doutorado em Ciências Ambientais na Universidade de Wisconsin-Madison, Estados Unidos.

Recursos e rodízio de auditoria

Sediado em Belém, o Imazon disse que nos últimos 15 anos a entidade teve média anual de R$ 14 milhões de orçamento por ano, e que a arrecadação é composta de 57% por recursos internacionais de 43% nacionais. “Todos aplicados exclusivamente no território nacional,” disse Ritaumaria.

Ritaumaria Pereira disse ainda que em 2022 81% dos recursos foram aplicados nas atividades de pesquisa, ou seja, atividades fim.

Na exposição aos senadores disse também ser proibida a distribuição de qualquer excedente orçamentário a título de bônus ou dividendos a qualquer membro da estrutura da entidade, que as auditorias são feitas anualmente, havendo rodízio de empresas renomadas do mercado a cada três anos, e elas  também são realizadas em projetos específicos.