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A queda de braço na desoneração de combustíveis no governo Lula 3

Há uma queda de braço entre o núcleo político e da economia em relação à prorrogação ou não da desoneração dos combustíveis.

Há uma queda de braço sobre prorrogar ou não a desoneração de combustíveis dentro do governo Lula3. Há cinco dias, Fernando Haddad, agora já ministro da Fazenda, veio a público ara dizer que havia solicitado à equipe de Jair Bolsonaro para não prorrogar a desoneração a partir de um desejo do presidente eleito Lula da Silva. Pediu que a isenção valesse apenas para o período previsto, até 31 de dezembro de 2022. Rever subsídios, de fato, é necessário, e o dos combustíveis merece análise acurada da equipe econômica.

A queda de braço, o que é pior, acontece de público, pela imprensa, e não é porque os atores envolvidos sejam ingênuos ou algo que se assemelhe a isso, afinal disputam eleições presidenciais desde 1989, sabem como funcionam as coisas em Brasília e na imprensa, sabem os interesses em jogo.  Vejo como vaidade e disputa política.

Haddad, técnicos da pasta e o agora presidente queriam decidir sobre prorrogar ou não, em que condições e por quanto tempo se decidido o caminho da prorrogação, quando assumissem de fato o governo Lula 3.

Queiram analisar o cenário e decidir, relataram vários órgãos de imprensa, o que para mim já demonstra um governo sem direção, algo que já veio da campanha – sem programa para a economia e com pedido de cheque em branco do povo – e da transição, mais preocupada em continuar conchavos para preencher uma estrutura paquidérmica de 37 ministérios, altear a lei de estatais para favorecer Aloisio Mercadante e o centrão e apoiar a votação da resolução que manteve o orçamento secreto com nova roupagem. Lembrem-se: esquerda e direita votaram juntinhos nessa.

Afinal, se a medida expiraria em 31 de dezembro, certo é decidir rapidamente, saber o que fazer, antes que os aumentos, que já ocorreram para o consumidor, se prolonguem ainda mais. Veio Lula em público dizer que a desoneração será prorrogada, mas não falou por quanto tempo.

A disputa política foi sinalizada por Gleisi Hoffmann, presidente do PT, que no dia 30 declarou ser favorável a uma desoneração por três meses. Perfeito. Ocorre que ela não é da área de petróleo, de energia nada, e, portanto, deveria emitir sua opinião intramuros, para a equipe de governo.

E neste domingo, dia da festiva posse, veio o Estadão revelar que o ainda não nomeado para a Petrobras senador Jean Prates declarou que a desoneração de combustíveis ocorrerá por 2 meses.  Nem foi nomeado! Na mesma matéria, Rui Costa, ex-governador da Bahia agora na Casa Civil de Lula 3, diz que será por tempo indeterminado.

É uma disputa desnecessária no início do governo Lula 3. Ela ocorre, entre outras razões, porque não há uma diretriz econômica clara do que fazer sobre tantas pautas do setor, como a revisão ou não de subsídios diversos existentes.  Veremos, de novo, ambiguidade e disputas internas – marca dos governos petistas – que empurram o adiamento eterno de reformas necessárias para o Brasil, como a tributária.