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BNDES atua para obter crédito de até R$ 100 bi para a Amazônia mas não prioriza regularização fundiária

Senadores da Amazonia cobraram investimentos do banco na regularização fundiária da região.
Zequinha Marinho, do Pará,disse que existem mais de mil assentamentos no Estado. Foto: Geraldo Magela.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou em audiência pública nesta terça-feira, 31, que a Coalizão Verde trabalha com a perspectiva de se chegar a uma proposta de R$ 100 bilhões de crédito especial para a Amazônia. O debate foi realizado por iniciativa da Comissão de Meio Ambiente.

Coalizao Verde é a formação de um grupo de bancos, BNDES, BID e Banco Mundial à frente, com outros 19 instituições de fomento regionais localizadas nos países que tem o bioma Amazonia, com o propósito, segundo Aloizio Mercadante, de vir a financiar várias linhas de crédito para fortalecer o bioma, estimuar a bioeconomia e financiar a infraestrutura na Amazônia.

Mercadante não citou a regularização fundiária, fundamental para organizar a area territorial dos nove Estados amazonicos brasileiros,  ao dizer que a principal preocupação é com “as 28 milhões de pessoas que vivem na região.”

Quem falou da regularização fundiária foram os senadores presentes. Para eles, os pequenos e médios produtores têm essa demanda há muito tempo, e ela se reveste como uma das ações mais importantes para a redução da desigualdade na região. 

O único momento em que ele falou de regularização fundiária foi quando citou a possibilidade de usar o Fundo Amazônia para financiar essa atividade, o que é previto no decreto 6527, de 2008, quando Luiz Inácio estabeleceu a criação do fundo. Ele nunca foi usado para essa finalidade. Quem opera o Fundo é o BNDES.

O senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) fez um apelo a Mercadante para que a Coalizão invista na regularização fundiária mesmo sem retorno imediato, “esse retorno depois virá.”

Ele disse que o grande gargalo do desenvolvimento rural da Amazonia, falando especialmente do Pará, seu Estado, se chama regularização fundiária.

“O banco logo pergunta para o produtor sobre o documento da terra. O Pará só não avança mais por causa da dificuldade que tem da documentçaão de terra. Não há um foco, ha iniciativas no váculo. Vamos resolver de vez isso. O Incra tem 1.198 assentamentos do Incra, 248 famililas assentadas, 24 milhões de hecares no Pará,” completou.

O senador Jaime Bagattoli (PL-RO) também fez um apelo para que o BNDES faça investimentos na regularização fundiária para o pequeno e medio produtor rural “até quatro módulos” de área.

Segundo Mercadante, a demanda no BNDES por créditos para infraestrutura na Amazonia cresceu 204%, citando saneamento e energia como duas ações mais requisitadas, e a aprovação da TR em 2% no Congresso foi medida importante para que se possa encaminhar a oferta de programas e projetos voltados à inovação em melhores condições para os investidores e empreendedores.

O presidente do BNDES disse que não pode ainda anunciar oficialmente o crédito no valor de R$ 100 bilhões, “porque nós não fechamos, nós estamos numa construção, todos os bancos estão consultando, mas a nossa perspectiva é de chegarmos a esse montante, um crédito favorecido para a Amazônia.”

Parte dos senadores concordou com Mercadante e defendeu a posição do Brasil de reivindicar uma contrapartida mundial em função da mudança climática frente ao papel da Amazônia e das ações de preservação e comprometimento com uma transição energética sustentável. 

Veja mais sobre o debate no vídeo: