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Senador Bagattoli a Mercadante: “A cada ano vemos crescer a pobreza na Amazonia”

Existe algo de errado nesses programas de preservação que se veem há anos, disse o senador de Rondônia.
Senador Jaime Bagattoli: "A pobreza cresce na Amazônia." Foto: Geraldo Magela.

Em audiência na Comissão de Meio Ambiente, nesta terça-feira, 31, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, explicou o que vem a ser a Coalizão Verde, grupo capitaneado pelo banco, mais BID e Banco Mundial, com articulação de outras 19 instituições financeiras existentes nos países com bioma amazônico, que tenta alavancar R$ 100 bi para linhas de crédito diversas.

O presidente do banco de desenvolvimento do Brasil citou a iniciativa como uma oportunidade de se investir na infraestrutura da Amazônia, na bioeconomia e fortalecer o bioma, dizendo que a preocupação principal é com “os 28 milhões” de habitantes da Amazonia brasileira, número que ele corrigiu depois para 30 milhões.

No entanto, ele não citou a regularização fundiária como um investimento essencial para que se possa organizar o território e a capacidade produtiva nos nove Estados da Amazonia Legal, sendo cobrado pelo senador Jaime Bagattoli (PL-RO), empresário que pela primeira vez ocupa cargo público.

Bagattoli disse conhecer todos os Estados da Amazonia, disse ter sobrevoado toda a região e, como membro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as Organizações Não-Governamentais (ONGs) que atuam na Amazônia participou de diligência realizada na Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, neste mês.

“Se fala muito em preservação da Amazonia, em crédito de carbono, mas o que nós vimos, sr. Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, é só aumento da pobreza na Amazonia,” disse o senador rondoniense.

“Para se ter ideia, o único Estado que tem o dobro de carteira assinada, são 275 mil, contra o bolsa família, são 135 mil, é Rondônia, com exceção de outro que está zerado, não me recordo agora o nome, nos outros Estados todos o bolsa-família é maior do que carteira assinada,” realçou.

“Existe algo de errado nesses programas de preservação que se veem há anos. A Amazônia continua deficitária em rede de saneamento básico praticamente zero; água tratada muito pouco ainda, e a cada ano vemos crescer a pobreza na Amazonia. Aqui dentro do ar condicionado é muito fácil dizer como se deve viver na Amazônia,” disse o senador, manifestando-se por investimentos para a regularização fundiária.

O senador Jaime Bagattoli fez um apelo: “Ajude a regularizar as terras da Amazonia. É muito, muito importante. Esqueça o médio e o grande produtor se esse for o caso. Vamos trabalhar fortemente o pequeno produtor, até quatro módulos rurais. Não importa se está lá há vinte ou 30 anos, se desmatou. Precisamos dar a regularização a esse pequeno produtor. Está aí a prova (trabalho com carteira assinada) de um projeto de regularização existente em Rondônia em dez ou doze anos.”

Sobre a experiência na Reserva Chico Mendes, o senador Bagattoli disse que as pessoas estão vivendo em pleno ano de 2023 com R$ 30 a R$ 40 para extrair látex. “Vocês acham isso possível? Se eles fossem administrados por uma empresa da iniciativa privada, e se o Ministério Público fosse fazer uma investigação, iam dizer que é trabalho escravo,” afirmou.