Com mais de quatro décadas, Cemitério Santo Antônio atinge capacidade máxima

De 23 de março a 31 de dezembro de 2020, o sistema do cemitério apontou 777 enterros em decorrência da pandemia, com média de 86 por mês. Foto: Leandro Morais.
Não há mais espaço no cemitério Santo Antônio.

Carlos Sabino

Construído em 1975, o Cemitério Santo Antônio, um dos mais antigos e o maior em atividade no estado de Rondônia, atingiu a sua capacidade no último final de semana. Nos 250 mil metros quadrados de extensão estão 95 mil sepulturas. Algumas são de pioneiros da região e famílias tradicionais da cidade de Porto Velho.

Gilbson, administrador do Santo Antônio há 4 anos. Foto: Leandro Morais.

Mas o local foi parcialmente fechado, na manhã desta segunda-feira, (5). A área destinada a vítimas da Covid-19 e demais enterros alcançou a lotação total e por isso, os novos sepultamentos para Covid, passaram a ser feitos em cemitério particular, contratado pela Prefeitura de Porto Velho.

Localizado à margem leste do Rio Madeira e a 450 metros da Capela de Santo Antônio, o cemitério abriga jazigos de importantes personagens locais, como o do jornalista Euro Tourinho, proprietário do extinto jornal Alto Madeira e de seu irmão Luiz Tourinho, jornalista, advogado e ex-presidente da Federação do Comércio de Rondônia. São pioneiros que ajudaram a construir a identidade cultural de Porto Velho.

Lá também está o jazigo de José Camacho Filho, o Camachinho, conhecido por presidir o Clube Botafogo, que promovia eventos, como os grandes bailes de carnaval, na cidade.

É deste cemitério que várias famílias ainda obtêm a principal fonte de renda. Elas oferecem serviços como construção e manutenção de lápides e abrigos, vendas de flores, velas e até produtos alimentícios.

Famílias como a de João Batista, de 58 anos, que reside desde 1986 na Estrada Santo Antônio, que passa em frente ao cemitério. Sentado em sua cadeira de rodas, ele fala sobre a tristeza e a movimentação atípicas no local, desde o início da pandemia.

“A frequência de enterros nos últimos dias, em relação ao ano passado, aumentou muito. Há dias em que, em duas horas, são feitos 10 sepultamentos”, revelou.

O primeiro enterro por Covid-19 registrado no cemitério de Santo Antônio foi realizado dia 23 de março de 2020. Aconteceu pouco menos de três meses depois do início da pandemia do novo coronavírus, que teve como epicentro, a cidade Whuan, na China.

De 23 de março a 31 de dezembro de 2020, o sistema do cemitério apontou 777 enterros em decorrência da pandemia, com média de 86 por mês, ou quase três por dia. O número é ainda maior, se comparado ao primeiro trimestre de 2021. Somente de janeiro a março, foram contabilizados 426 sepultamentos, apenas por Covid-19..

Em atendimento a uma solicitação do Ministério Público e do Ministério da Saúde, a Secretaria Municipal de Serviços Básicos (Semusb) reservou uma área para sepultamentos de vítimas decorrentes da Covid-19 na mesma área onde estão sepultadas as nove primeiras vítimas da pandemia, mas o espaço ficou insuficiente.

Diretor do cemitério há quatro anos, Gilbson Morais disse que na época em que assumiu o cargo, não imaginava a proporção de enterros que seriam realizados, envolvendo as vítimas da pandemia.

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