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Convocação anônima para dia 26 contra o STF e Maia

Pauta de convocação que circula pela internet é divergente da manifestação dos caminhoneiros, e que mais preocupa o governo.
STF na mira das manifestações no domingo, 26. Foto: Nelson Jr.

É desse jeito a convocação anônima pelo WhatsApp para a manifestação neste domingo, 26. Vai unir gente da esquerda e direita?  Improvável, ao menos por enquanto. A generalização é cotidiana no Governo contra os congressistas, e isso só desgasta a relação entre os poderes. A pauta que circula pela internet é divergente da manifestação dos caminhoneiros programada para o dia 29, polêmica e explosiva.

Em ambas, percebe-se uma conspiração autoritária contra as instituições, e na primeira há digitais de convocação do chefe do Executivo, ainda que não diretamente. Bastam alguma atenção às declarações e postagens do presidente Jair Bolsonaro para  inferir sua aprovação às manifestações, e delas destacar o sentimento de vítima do sistema.

Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Foto: José Cruz.

“Senhores, agora é a hora. Ou lutamos juntos ou seremos escravos de bandidos, corruptos e canalhas pois a intenção deles é derrubar o mais rápido possível o presidente Bolsonaro”, provoca a convocação pelo whatsapp, toda ela bem ao gosto de integrantes do staff governamental e de seu partido, o PSL. Na semana anterior, Brasília ferveu com os rumores da queda do Presidente.

 

Eis a pauta: fim do boicote à CPI da Lava Toga, fim do limite às investigações da Receita, fim do boicote à Lava Jato e fim da ideia de Nova Previdência “alternativa” ao projeto de Paulo Guedes.

Há uma ideia inadmissível nas reivindicações. Exigirem que o Congresso Nacional não faça seu dever, no caso o de examinar e alterar a reforma da Previdência, é mesmo flertar com o autoritarismo. Demonstra a dificuldade de convivência com a democracia. Igual postura aspiram para o pacote anticrime de Sergio Moro.

Na convocação, assim anunciam o ato dos caminhoneiros, na próxima semana:

“As exigências dos caminhoneiros são as seguintes: aprovação da MP 870, aprovação da reforma da previdência na integra aquela apresentada pelo Ministro Paulo Guedes no prazo de 30 dias, RENUNCIA IMEDIATA dos Ministros Dias Toffolli, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Ricardo Levandowski, aprovação no prazo máximo de 15 dias do pacote anticrimes do Ministro Sérgio Moro e plebiscito para eleger um novo presidente da Câmara dos Deputados em substituição de Rodrigo Maia”.

No domingo, veremos talvez com o humor característico do povo brasileiro algumas “lagostas” pelas ruas, faixas com “Fora Maia”, pelo fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (foto). Xingamentos a quem tirou o Coaf de Sergio Moro e apoio a Bolsonaro.

Há quem ache que será um tiro no pé do governo a convocação das ruas, porque o presidente está mal avaliado nas pesquisas; pura bobagem. A pressão já trouxe ganhos.

A Câmara dos Deputados, com intuito de esvaziar os protestos, votou nesta semana a MP 870, que trata da reestruturação da Esplanada de Ministérios. Deixaram de fora o jabuti que limita a atuação de auditores fiscais. Ainda bem.

Se cheias ou vazias as ruas, sempre vale a pena protestar contra um Supremo Tribunal Federal (STF) reincidente que se banqueteia com lagostas, vinhos premiados e uísques envelhecidos quando o país passa por severa restrição fiscal e brasileiros enfrentam desesperançados as filas do desemprego.

Contra um Congresso Nacional em que boa parte de seus integrantes é como feijão, dizia o deputado Padre Ton – “só vai na panela de pressão”. Agora, pedir o fechamento das instituições é outra história.

Quem tem mandato cai fora dos protestos, não dá para se insurgir contra instituições que representam, a democracia finge que Bolsonaro pode ser Presidente,  e depois de chamar estudantes de massa de manobra e idiotas úteis Jair Bolsonaro finge respeitar a democracia. É o que temos, por enquanto.

Imprensa

A convocação diz também: “Não acredite nas informações dos canais de TV principalmente da Rede Globo e Bandeirantes; não acreditem nas informações de jornais principalmente da Folha de São Paulo e Estado de São Paulo; esses meios de comunicação tentarão jogar o povo contra o povo. Informe-se pelas mídias alternativas ex: canais de Direita do YouTube e Prof. Olavo de Carvalho.” Aí mora o perigo: eis uma turma que propaga a cizânia e o conflito com maestria.

No Senado: tentativa de entregar a Moro o COAF

Apesar do tom do governo de que está tudo bem, é do jogo democrático tirar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) das mãos de Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) e passa-lo novamente para a área econômica, o líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP) está empenhado em incluir um destaque na MP 870, no Senado, na esperança de que os senadores derrubem o que a Câmara dos Deputados aprovou.

Burros n’ água

A manobra pode dar com os burros n’ água, não apenas porque as lideranças do Governo, como a deputada Joyce Hasselmann, acreditam que é melhor deixar como está, mas especialmente porque parte dos senadores tem posição muito crítica ao juiz Sergio Moro e à Lava Jato. O MDB vai atrapalhar – e muito – as pretensões de Major Olímpio. Só para lembrar: Renan Calheiros é alvo de 12 inquéritos criminais.