O mês de agosto, esse das queimadas terríveis, do calor insuportável e das desgraças na política, começou com mensagens a meu ver toscas, atribuídas ao secretário chefe da Casa Civil, Junior Gonçalves, que a um interlocutor com quem indica intimidade supostamente faz comentários maliciosos a respeito de colegas de trabalho e a parlamentares, tratados por “sanguessugas”.
Digo toscas porque me parecem grosseiras, têm erros de concordância e o interlocutor, que demonstra trabalhar na Assembleia Legislativa, faz provocações o tempo todo para que o secretário mais próximo ao governador Marcos Rocha diga o que não deve ser dito em razão do cargo que ocupa, ainda mais via whatsapp.
O secretário apressou-se, na noite de quinta-feira, a circular uma mensagem atribuindo as mensagens a pessoas que começaram um “jogo baixo” e atacam a sua honra. Fake News. Veja a nota de Junior Gonçalves, recebida por mim e meio mundo pelo aplicativo de mensagens:
“Prezados amigos,
É com muita indignação que venho aqui expressar repúdio a Fake News que estão repassando. São prints de conversas de WhatsApp que alegam ser minhas. Conversas com pessoas próximas que claramente foram simuladas em aplicativos para este fim. O jogo baixo e sorrateiro começou e novamente estão atacando a minha honra. Já estou registrando denúncia para se abrir investigação a respeito disso e para punir os responsáveis por esta Fake News. Júnior Gonçalves.”
Voltando a este Contraponto.
Um site chegou a dizer que pelo tom do apelo o “secretário demonstra ser o principal interessado em esclarecer os fatos.” Será mesmo?
Nota-se que em momento algum o secretário diz: Fiz a denúncia e entreguei meu celular para perícia. Não é o que resolveria em definitivo seu problema? Colocaria em pratos limpos uma história de suposta fofoca como “o babaca do Pimentel está mexendo com o cara errado”, uma referência ao secretário de Planejamento Pedro Pimentel, técnico até onde se sabe honrado e que apenas preserva o Estado da sanha gastadora que acomete deputados pouco republicanos?
Vejo que o secretário Junior Gonçalves comete a mesma impropriedade que o ministro Sérgio Moro, que repete não mais usar o aplicativo Telegram desde 2017, mas deveria por justiça e transparência entregar para perícia o seu celular. A tecnologia poderia esclarecer, senão tudo, mas muita coisa da vazajato.
Tanto lá quanto aqui, somente essa atitude deixará tudo preto no branco, e as maquinações do jogo do poder serão desmascaradas como devem ser, doa a quem doer.