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Eleições têm abstenção de 29,4%, maior índice dos últimos anos

Em 2016, a abstenção em 2º turno disputado por Léo Moraes e Hildon Chaves foi de 74.741 eleitores, 23,36%. Ela cresceu mais de 10%.
O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso. Foto: Reprodução.

Ministro do TSE considera que a pandemia contribuiu para a abstenção, mas ela sozinha não explica a apatia dos eleitores. 

O índice de pessoas que não foram votar no segundo turno da eleição foi de 29,47%, o maior para esta etapa da eleição desde ao menos 1996, quando 19,99% dos eleitores do país não compareceram às urnas. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, disse a jornalistas no domingo 29 que a abstenção é maior do que se desejaria, cogitando que a pandemia tenha sido responsável por isso.

A pandemia, no entanto, não explica por si só a abstenção que em alguns estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, dois dos maiores colégios eleitorais do país, tenham tido abstenção superior a 30%.

O cientista político Rodrigo Prando, da Universidade Mackenzie, disse ao Estado de São Paulo que a pandemia do coronavírus é o fator que mais ajuda a explicar o índice, mas não é único. O aumento da abstenção a cada eleição, ao longo dos anos, é resultado da crise na democracia representativa.

“A gente imaginava que teríamos uma abstenção muito grande pela pandemia. Ainda assim, é surpreendente. Mas é algo que não é de agora. É uma crise na democracia representativa, algo que paira no mundo todo,” disse.

Abstenção nos Estados

A maior cidade do país, São Paulo, registrou na eleição o maior índice de abstenção num segundo turno desde a redemocratização. Mais de 2,7 milhões de eleitores (30,81%) não foram às urnas neste domingo. O número supera a votação de Guilherme Boulos (PSOL), que recebeu pouco mais de 2,1 milhões de votos. Reeleito, Bruno Covas (PSDB) recebeu mais de 3,1 milhões de votos.

Em 2012, na última disputa municipal em que houve segundo turno, a abstenção registrada foi de 19,99%.

Em Porto Velho, capital de Rondônia, 113.826 eleitores não compareceram às urnas neste segundo turno, um índice de 34,18%. A quantidade de eleitores ausentes é maior do que os que votaram no prefeito reeleito Hildon Chaves (PSDB), 109.992 eleitores.

A capital, com sucessivas eleições em segundo turno, experimenta o maior índice de abstenções das últimas eleições, 2012 e 2016. Em 2016, a abstenção em segundo turno disputado por Léo Moraes e Hildon Chaves foi de 74.741 eleitores, 23,36%. Um aumento, em quatro anos, de mais de 10%.

Na eleição de 2012, em que o segundo turno foi disputado pelo hoje deputado federal Mauro Nazif e Lindomar Garçon, 38.607 eleitores não compareceram às urnas, uma abstenção de 13,87%.

Além das duas capitais aqui citadas, outras cinco tiveram índices de abstenção superiores a 30%. São elas: Goiânia (36,75%); Boa Vista (31,38%); Porto Alegre (32,76%); Rio Branco (32,11%) e Rio de Janeiro (35,45%).

O que ocorreu em Porto Velho aconteceu em Goiânia, onde o eleito Maguito Vilela (MDB) teve 277 mil votos, cerca de 27 mil a mais que o adversário Vanderlan Cardoso (PSD), números bem abaixo dos quase 357 mil registros de abstenção na capital do Estado.

Em Porto Alegre, as 354 mil abstenções superaram a votação de Manuela D´Ávila (PCdoB), que recebeu mais de 307 mil votos. Eleito, Sebastião Melo (MDB), recebeu 370 mil votos.