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Bolsonaro muda tom e cita Dr. Kalil em defesa do uso da cloroquina

Bolsonaro se solidarizou com as vítimas de um vírus ainda desconhecido pela primeira vez.
Bolsonaro acusou o sistema eleitoral de fraude em reunião com embaixadores. Foto: Carolina Antunes/PR.

Uma fala breve de 5 minutos e um tom manso, algo apaziguador. Vi um Presidente na TV, mas há algum tempo acompanhando a política nacional  e, como muitos eleitores, havendo escrutinado a vida pública de Jair Messias Bolsonaro muito antes dele partir para a aventura eleitoral da Presidência, a mudança é transitória, ocorrida após  capítulos de queda de braço com o ministro Henrique Mandetta (Saúde) e significativa perda de aprovação conforme pesquisa Datafolha.

Jair Messias Bolsonaro é alma vulcânica e violenta, e sem a pressão do núcleo militar de seu governo teria demitido na segunda-feira, 7, o ministro e possivelmente entregue outro pronunciamento à molecada do gabinete do ódio. O staff presidencial, com o general Braga Netto à frente, o protege de si mesmo, e este pronunciamento é prova disso.

Já disse aqui que em 24 de março, quando as panelas – elas voltaram, de novo, nesta quarta-feira – se agitaram, ele teve oportunidade gigante para dizer o que estava encaminhando de providencias para a situação vivida pelo Brasil, mas preferiu no pronunciamento do conflitoso mês debochar das medidas da federação e exaltar seu passado de atleta. Ali seu chão começou a se abrir.

No pronunciamento deste 8 de abril, Bolsonaro teve tempo não apenas para defender o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes mas também para se solidarizar com as vítimas de um vírus ainda desconhecido, de letalidade célere, o que fez pela primeira vez.

Jair Bolsonaro saiu em defesa dos medicamentos apoiado numa figura médica de expressão, o doutor Roberto Kalil, cardiologista, diretor-geral  do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio Libanês. De governo em governo, é sempre requisitado em horas difíceis.

O presidente disse que conversou com o famoso médico e contou ter o interlocutor admitido que ministrou a hidroxicloroquina para dezenas de pacientes, todos salvos,  havendo confessado que receitou agora, mesmo não tendo finalizado os protocolos de testes, para não “se arrepender no futuro.”

Anunciou que até sábado o Brasil receberá da Índia um carregamento de matéria-prima para se produzir a hidroxicloroquina e nenhuma palavra reservou à estratégia de isolamento, seja vertical ou horizontal. Compreensível, é bola perdida. Está só no mundo.

Aproveitou para falar do desembolso dos R$ 600 para o trabalhador informal, desempregados e microempreendedores, isenção do pagamento de energia elétrica por 3 meses, o que beneficiará mais de 9 milhões de famílias e R$  60 milhões para capital de giro destinados a micro e pequenas empresas.

Já encaminhando para o final, disse: “Tenho certeza de que a grande maioria dos brasileiros quer voltar a trabalhar. Esta sempre foi a minha orientação a todos os ministros, observadas as normas do Ministério da Saúde.”

Sem dúvida, presidente. Com saúde e emprego, mercadoria rara para 12 milhões de brasileiros antes da pandemia, é o que todos querem.

Não à toa, 76% apoiam o isolamento horizontal.