A pauta social crescerá até 2022, e será o foco das campanhas presidenciais.
A julgar pelas declarações dadas à imprensa após o resultado da eleição, Cristiane Lopes (PP) manda avisar que não vai se aquietar, mesmo sem mandato de vereadora, a terminar em breve. Ela não abre o jogo, certamente não decidiu ainda a qual projeto irá se lançar em 2022, mas anunciou que vai colocar o pé nas estradas de Rondônia tão logo descanse com a família, e isso já diz muita coisa.
Na rádio Caiari um ouvinte menos atento disse que ela deveria ser a líder da oposição ao prefeito Hildon Chaves (PSDB), reeleito. Cristiane agradeceu, explicou que seu mandato na Câmara de Vereadores está no fim, e arvorou-se “líder da população.”
É unanimidade a coragem com que enfrentou a campanha com outros 13 adversários, e tenha chegado onde chegou, cravando do primeiro turno para o segundo turno uma escalada de votos que atingiu um crescimento de 192,47%. Fazer política não é tarefa fácil, a arena da competição é campo muito masculino, as mulheres têm o sentido de preservação da vida não da guerra, e é nisso que se transformam campanhas políticas.
O adversário, com nada desprezível estrutura de campanha e apoio político de peso, aliados às manifestações de perdedores da primeira fase de campanha, coronel Ronaldo Flores e Vinicius Miguel entre eles, cresceu 47,19% em número de votos.
É um feito notável o da vereadora, e cabe aqui nominar parte do batalhão de apoio político em torno do tucano Hildon Chaves: senador Marcos Rogério; deputada federal Mariana Carvalho e família; Expedito Junior e família; ao menos oito deputados estaduais; o presidente da Assembleia Legislativa Laerte Gomes e pelo menos vinte vereadores (atuais e novatos).
O que teria impedido então, com todo aparato, Hildon Chaves crescer mais? A alta abstenção, 34%, prejudicou ambos. A considerar o crescimento de votos, Cristiane Lopes foi quem mais capitalizou o voto de eleitores órfãos do primeiro turno, e uma questão para que isso tenha acontecido é a identificação das bandeiras de cunho social – educação, saúde e emprego – durante a campanha da candidata.
O último debate, promovido pela Rede Amazônica, é particularmente marcante: Cristiane Lopes alinhavou problemas da saúde e tratou de abordar plano para aquecer a atividade econômica e o emprego, muito embora nem ela e nem o prefeito tenham sido capazes de objetivamente apresentar propostas.
A pauta social é a mais relevante desta eleição, e no entanto no dia do debate Hildon Chaves reforçou a experiência, a gestão, “fazer mais com menos”, certamente preocupação pertinente e correta, mas as urgências da periferia, além do asfalto e drenagem, clamam por oportunidades de emprego e serviços de saúde.
A pauta social crescerá até 2022, e será o foco das campanhas presidenciais. A desigualdade social cresce veloz, o pós-pandemia irá escancarar ainda mais essa condição.
E o eleitor vulnerável está cansado da paralisante briga ideológica que a nada leva: ele pede solução para problemas que o atormentam.
Ao blog, Cristiane Lopes disse que seus votos vieram da zona leste, zona sul, distritos, lugares “onde há mais pessoas carentes, precisando em primeiro lugar de saúde” e seja o trabalho que for desenvolver continuará focado no campo social.
Por acreditar na política, arrisco a dizer que é singular o momento vivido por Porto Velho. Temos um prefeito reeleito sobrevivente das críticas debochadas das redes sociais, fez entregas fracassadas em gestões anteriores, mostrou serviço, e um leque de lideranças jovens e combativas, como Leo Moraes, Mariana Carvalho, Vinicius Miguel e Cristiane Lopes, faz história.
O povo de Porto Velho agradecerá se os interesses maiores da cidade forem por eles e todos os outros políticos colocados em primeiro plano, há travessia difícil a fazer no segundo mandato, avisou o prefeito Hildon Chaves mais de uma vez.