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Inpa realiza análises químicas de águas da região de Tefé, Amazonas

Com os resultados das amostras de água, não foi possível concluir que as variaveis químicas contribuiram para a morte dos botos.
Botos cor de rosa e tucuxis tem sido encontrados mortos desde o dia 23. Foto: Reprodução/Rede social.

Comunicação Inpa

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) finalizou as análises físicas, físico-químicas e químicas de amostras de água coletadas na região de Tefé, no Médio Solimões, onde morreram mais de 150 botos e outros organismos aquáticos, há um mês.

Amostra de águas coletadas no lago de Tefé. Foto: Camila Barbosa/Inpa.

As análises no Inpa foram realizadas por três laboratórios e atendem a uma demanda do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que investiga as causas de morte dos animais aquáticos, principalmente de botos e tucuxis da região do município de Tefé.

No Inpa, com sede em Manaus, as análises das águas buscaram trazer outras possíveis causas do incidente e variáveis ambientais.

As amostras foram coletadas em distintos pontos, no período de 03 a 10 de outubro de 2023.  De acordo com pesquisador do Inpa, químico Sávio Filgueiras, as amostras foram colhidas com garrafas tipo van Dorn, acondicionadas em frascos de 1 litro, preservadas e encaminhadas ao Inpa, em Manaus.

O Instituto também disponibilizou uma sonda multiparâmetro. O trabalho de coleta de campo foi feito pelo egresso do Inpa, o geólogo Josué Costa, que é apoiador técnico de saneamento no DSEI Médio Rio Solimões e Afluentes, da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai).

“De acordo com os resultados das amostras, não foi possível concluir que as variáveis químicas das águas causaram a mortandade de botos e outros organismos aquáticos na região de Tefé”, diz o pesquisador do Inpa, o químico Sávio Filgueiras.

“Estudos em outras instituições são conduzidos a fim de elucidar o quadro, mas há um forte indício de que a alta temperatura das águas dos locais afetados causou a morte dos animais”, completou.

No Laboratório de Química Ambiental (LQA/Codam), liderado pelo pesquisador Márcio Silva, foram feitas análises de pH, condutividade elétrica e outras variáveis químicas. No Laboratório Temático de Química de Produtos Naturais (LTQPN), liderado pelo pesquisador Sérgio Nunomura, foram realizadas análises das amostras para avaliar se houve a formação de toxinas e possível intoxicação dos animais.

Entretanto, na análise da toxina euglenophycin os resultados estiveram abaixo do limite detecção. A mesma toxina é analisada por laboratórios de outras organizações.

Já no Laboratório de Química Analítica Ambiental foram determinados metais pesados, como ferro, manganês e zinco, cromo e chumbo. O trabalho foi feito pelo pesquisador Ézio Sargentini e o técnico Marcos Bolson.

“O Inpa é uma referência mundial de pesquisas na Amazônia sobre fauna, flora, recursos hídricos, clima, sociobiodiversidade, entre outros temas importantes, e reconhecido como fornecedor de subsídios para as políticas públicas de desenvolvimento regional. E nós estamos de prontidão para o recebimento de novas amostras”, destaca o pesquisador e coordenador de Extensão do Inpa, o geólogo Marcio Silva.

A principal hipótese para a mortandade dos mamíferos aquáticos da Amazônia, identificada a partir do dia 28 de setembro, é a temperatura elevada da água, que chegou a mais de 39ºC.

A informação é do pesquisador Ayan Fleischmann, do Instituto Mamirauá, que coordena o Grupo de Pesquisa em Geociências e Dinâmicas Ambientais na Amazônia.

Os trabalhos para pesquisar o incidente foram instaurados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/ MMA) e Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM/ MCTI).

O pesquisador do IDSM, Ayan Fleischmann, destacou as contribuições dos pesquisadores do Inpa no entendimento da situação, entre eles Adalberto Luís Val, Edinaldo Nelson Silva e do gerente científico do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), Bruce Forsberg.

Outros estudos, como o de tecidos cerebrais das carcaças dos botos, são realizados pelo ICMBio, IDSM e organizações parceiras. Ações de monitoramento durante a seca extrema e estratégias de levar os botos para águas mais profundas são conduzidas para evitar mais mortes dos animais.