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Pesquisa aponta maturidade do povo, e justiça garante imunidade à varejista

Por que somente empresas que vivem na pendura e o trabalhador informal  são tratados a ferro e fogo?
Comércio do centro de Porto Velho. Foto: Reprodução/Redes Sociais.

O que vemos na passagem do novo coronavírus entre nós é solidariedade e compreensão da situação por parte da população mais humilde.  Claro que há exceções, e também vemos endinheirados finalmente contribuírem com o país, por exemplo banqueiros que fazem fortunas por aqui, e há bastante tempo. Em momentos de crise, então, nem se fala.  Demorou, mas pelo menos dois grandes bancos agiram.

O jornalismo televisivo mostrou comunidades das favelas no Rio de Janeiro, e também em São Paulo, se organizando com a ajuda de lideranças comunitárias e as organizações não governamentais tão execradas pelo presidente da República, para ter acesso a material de higiene e a compreender o momento em que vivemos, com obediência mantendo-se em casa.

Em Rondônia e em todo lugar, há brasileiros furando o esquema do isolamento horizontal – o espaço alternativo é super frequentado no final de semana – e nem todos se preocupam em suar máscaras. É com alívio que vejo, entretanto, nos supermercados e farmácias, bom número de pessoas fazendo uso delas.

O Datafolha apontou em pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 6, que 76% da população aprovam o isolamento horizontal, o que significa ampla rejeição ao descaso do presidente da República com a pandemia, ele mesmo provocador de contatos impróprios no cercadinho onde costuma atender a imprensa e falar com apoiadores.

Cabe registrar que 70% das pessoas que ganham até 2 salários mínimos são a favor da proibição de não sair de casa se não trabalha em atividade essencial.  De 5 a 10 salários mínimos o número cai para 65%.

Oscila de 62% a 67%,  considerando todas as faixas etárias, os que concordam em manter o comércio não essencial fechado.

De outro lado, vejo empresas reclamarem o fechamento das atividades, já anunciando demissões e baixa arrecadação, o que é realidade, mas tenho dúvidas se todas as que esperneiam e apoiam a tese de isolamento vertical do presidente estão de fato preocupadas com a aflição social do desemprego gerado neste momento.

Isso porque não lembro, sinceramente, de ter visto empresas reclamarem da política econômica do governo, pilotada pelo ministro Paulo Guedes, antes do novo coronavírus desembarcar por aqui. Agora, um punhado delas fala em falência e teima em abrir as portas, ganhando na justiça o direito de vender na crise do coronavírus, como as Lojas Americanas, de propriedade de um dos homens mais ricos do Brasil. 

Digam aí vocês se esta loja não pode ficar fechada um mês, dois meses? E o que de essencial ela comercializa? Amendoins, salgadinhos e chocolates?

Empresas há que sempre viveram na pendura, não tem reserva para momentos críticos e muito menos capital de giro para situações em que precisam ganhar folego para ter receita. São empresas pequenas, médias, que sempre tiveram preocupação com emprego, estão mais perto daqueles que contrata, talvez seja até por isso. Por que estas e o trabalhador informal  são tratados a ferro e fogo e a outra, presente no Brasil todo, tem o amparo reprovável  da justiça?

A pesquisa Datafolha mostra maturidade e sensatez por parte do povo brasileiro, enquanto a justiça garante imunidade a medalhões do empresariado, como a enorme rede varejista.