Apontado como o servidor responsável por devassar dados fiscais de adversários políticos de Jair Bolsonaro durante o último governo, Ricardo Pereira Feitosa comandou a área de Inteligência da Receita Federal por apenas quatro meses, entre maio e setembro de 2019.
Antes de assumir o posto, ele dava expediente como auditor fiscal da delegacia da Receita Federal em Cuiabá. Subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado entrará com uma representação na Corte e pedirá ao Ministério Público Federal (MPF) para investigar o caso.
A chegada de Feitosa em Brasília para assumir uma das áreas mais relevantes e delicadas do Fisco desagradou à cúpula da instituição, já que, tradicionalmente, o comando da investigação é entregue a um auditor que já tenha exercido a função nas superintendências da Receita.
A surpresa ocorreu porque o cargo dado ao ex-militar do Exército sempre foi ocupado por um servidor de perfil técnico e com experiência na área, o que não era o caso de Feitosa, disse um interlocutor. Não bastaria ser de carreira.
A pressão sobre Feitosa foi tanta, destacou essa mesma fonte, que ele não resistiu e pediu para ser exonerado. Todos os servidores da áreas se uniram e ameaçaram entrar com pedido coletivo de demissão.
Feitosa foi nomeado pelo ex-secretário da Receita Marcus Cintra, aliado de Jair Bolsonaro. Ele também acabou perdendo o cargo, após embates com o chefe em torno da recriação da CPMF.
Cintra contou que Feitosa trabalhou no governo de transição e quando surgiu a vaga na área de Inteligência da Receita decidiu indicá-lo porque ele era de carreira e não havia nada que o desabonasse.
Segundo Cintra, Feitosa ficou pouco tempo no cargo porque estaria sentido-se “desconfortável”. Ele voltou para Cuiabá e trabalha no posto da Receita no aeroporto da capital.