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Senadores irão investigar em São Gabriel da Cachoeira destino de R$ 28 milhões arrecadados pelo ISA

Plínio Valério denunciou a Funai por tentar boicotar filmagens e dificultar ida da comitiva ao que ele diz ser a região mais rica do planeta.
Sessão da CPI das ONGs no Senado. Foto:Pedro França.

Um dos objetivos dos senadores da CPI das ONGs na diligência desta quinta-feira, 31, em Pari Cachoeira, distrito de São Gabriel da Cachoeira (AM), município mais indígena do Brasil, é investigar o destino de R$ 28 milhões arrecadados pelo Instituto Socioambiental (ISA) que teria supostamente executado ações em benefícios da comunidade indígena.

“É lá que o ISA ficou por mais de 10 anos, disse ter gastado esse dinheiro todo, queremos saber se estão mentindo ou não. Os índios dizem que não foram beneficiados, e por coincidência Pari Cachoeira é a região mais rica do planeta,” disse o senador Plinio Valério, presidente da CPI, à TV Senado antes de embarcar para a região.

Em São Gabriel da Cachoeira, conhecida por Cabeça de Cachorro, de cada 10 moradores 9 são indígenas. Segundo o senador Plinio Valério, em Pari Cachoeira  há minérios de diversas composições químicas. “É toda uma tabela periódica,” costuma dizer.  A diligência à região foi solicitada pela própria comunidade, que à CPI enviou documento com 92 assinaturas pedindo a presença dos senadores.

Algumas lideranças da região já expressaram na CPI que o povo indígena está abandonado e na miséria, além de ser explorado por ONGs que atuam em São Gabriel da Cachoeira com o aval dos órgãos oficiais.

Segundo o senador Plínio Valério, são várias “as lideranças invisíveis” de São Gabriel da Cachoeira que no documento à CPI “mostraram a complexa realidade em que vivem e manifestaram o desejo de serem ouvidos.”  Ele acredita que devem participar do encontro com as lideranças e senadores mais de 100 indígenas.

Serão ouvidas as lideranças José Lucas Lemos Duarte (Tukano) do rio Waupés; Sílvio Benjamin (Baniwa) da Calha do Içanã; Jocimara Bosco Brandão(Tukano) do rio Tiquié; Marcelino Fortes, do Alto Rio Içana; Jesus dos Santos (Baré), do rio Negro-Alto; Adilson Cecílio Bosco Brandão, do rio Tikié-Alto; Tuli Melicio da Silva (Kuripaco) do rio Içana-Alto; e Paulo Joanico da Silva (Baniwa), do Médio rio Içana, articuladores de suas comunidades, para prestar informações sobre a atuação das organizações não governamentais e organizações da sociedade civil de interesse público.

Funai tenta dificultar ida de senadores e proibir imagens

Integram a comitiva da CPI à Pari Cachoeira o relator, senador Márcio Bittar (União-Brasil-AC) e Chico Rodrigues (PSB-RR). A Funai, disse Márcio Bittar, faz um reinado de um país separado, que são os 14% de terras indígenas no Brasil.

“Estamos com a soberania ameaçada. E hoje, pela lei, 81% do bioma amazônico está ad eternum preservado por lei, isso não existe em lugar algum do planeta; e as pessoas, os indígenas, ainda estão passando fome, necessidades, queremos conferir toda esta história,” disse à TV Senado.

O senador Plínio Valério denunciou a tentativa da Funai de dificultar a ida da comitiva ao Amazonas. Além da enorme quantidade de documentos e exigências feitas aos integrantes da comitiva, o órgão federal quis boicotar a divulgação de imagens das  reuniões. Plinio Valério se recusou a assinar documento da Funai com essa exigência, e fez advertências ao líder do Governo senador Jaques Wagner sobre o tratamento dado aos senadores.

“Eu não estou pedindo autorização da Funai. Estou comunicando. Sou um senador da República, um orgão de governo não pode ditar normas para uma CPI do Senado Federal. Se o governo quiser guerra, vai ter guerra, ” disse antes da viagem.