Ele lista propostas indecorosas por parte de ministros e da própria Dilma Rousseff com o intuito de barrar o impeachment.
O livro Tchau, Querida – O Diário do Impeachment, um relato de 797 páginas escrito pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, iniciado ainda na prisão, em Bangu 8, e concluído em seu apartamento na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, será lançado no próximo dia 17 de abril pela editora Matrix. É neste dia, há cinco anos,que a Câmara dos Deputados por 367 votos aprovou o impeachment de Dilma Rousseff.
A Revista Veja, com exclusividade, teve acesso a trechos do livro que segundo a revista “expõe sem pudores um duro jogo de chantagens mútuas, lobby de empresários graúdos e propostas indecentes.”
O nome de Michel Temer, por razões obvias, aparece constantemente em todo o livro. Eduardo Cunha o trata como conspirador e traidor. “Jamais esse processo de impeachment teria sido aprovado sem que Temer negociasse cada espaço a ser dado a cada partido ou deputado que iria votar a favor da abertura dos trâmites,” revela trecho do livro.
Reunião secreta
“Rico em detalhes e bile, o relato de Cunha lança suspeitas sobre integrantes do Judiciário e, obviamente, expõe episódios nada edificantes de alguns dos principais nomes da política e do empresariado nacional”, relata a Veja.
Eduardo Cunha fala de uma reunião secreta na casa de Joesley Batista, em São Paulo, em que Lula confessou arrependimento por ter patrocinado a reeleição de Dilma Rousseff e prometeu a Cunha tentar interferir no STF para ajuda-lo.
Ele lista uma série de propostas indecorosas por parte de ministros e da própria Dilma com o intuito de barrar o impeachment, e também por parte de deputados que “queriam alguns milhões” para impedir que o Conselho de Ética aprovasse a cassação do mandato.
Em trecho do livro-bomba obtido com exclusividade pelo repórter Gabriel Mascarenhas, de Veja, Eduardo Cunha conta tudo sem pudores, diz que a traição ao na época aliado PT representou “além da vingança pela falta de apoio em sua eleição à presidência da Câmara, foi um ato de preservação.”
Na sua visão, o avanço da Lava Jato contra ele era um complô liderado por Dilma, apoiada por petistas como o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o procurador-geral da República Rodrigo Janot.
Escrito com apoio de sua filha Daniele Cunha, o livro já está disponível nos sites da Amazon e da Cultura.
Eduardo Cunha tem duas condenações e responde a outros oito processos.