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É inadmissível o Brasil ficar atrás na corrida da economia pela floresta

Cofundador do Imazon, Veríssimo disse no Fórum Amazônia +21 que o Brasil é estratégico perante o mundo.
Beto Veríssimo diz que Rondônia tem grande capacidade empreendedora. Foto: Reprodução/CNN.

Rondônia demonstrou ter grande capacidade empreendedora, que pode ser utilizada na economia da floresta, disse Beto Veríssimo.

Painelistas do Amazônia+21 foram unânimes na exposição “Acelerando  Negócios na Amazônia”, realizada na manhã desta quinta-feira (5) e moderada pelo superintendente de Desenvolvimento Econômico e Infraestrutura do Governo de Rondônia, Sergio Gonçalves: o Brasil não pode ficar atrás na corrida pela adoção da economia sustentável na região, em que importam para o desenvolvimento econômico e social os produtos da natureza.

O  diretor de Programas do Centro de Empreendedorismo da Amazônia e co-fundador do Imazon, Beto Veríssimo, associou o estágio de desenvolvimento da economia sustentável na região a uma corrida de carros, e disse que a primeira coisa a se fazer é olhar a Amazônia como o mundo vê a Amazônia hoje: como uma região em que falta respeito às leis, faltam regras, em que o estado de desmatamento inibe investimentos e onde se associa qualquer produto de origem ilegal e predatória.

“Se essa narrativa não mudar, continuamos no box, parados. Ou podemos até sair. Mas o pneu fura e voltamos para o box de novo.  A gente precisa ter muito claro com que tipo de pneu e motor vamos entrar na corrida. E nossas estratégias passam por nossas experiências acumuladas, pelas possibilidades de tecnologia”, disse Beto Veríssimo.

Para Veríssimo, o Brasil teve uma visão correta de preparar o que se colhe hoje, uma potência na produção alimentar em função do que foi feito atrás, com apoio da Embrapa, o cultivo de grãos no Cerrado. “Agora temos uma agenda similar, e o que nos torna estratégicos no mundo são nossos ativos ambientais. Existem profundas mudanças no mundo e não podemos perder essa oportunidade. Podemos produzir cacau de alto valor, o cogumelo é a proteína do futuro, temos uma lista de Excel com mais de 150 mil produtos, precisamos nos mover nessa direção”, disse.

“É inadmissível ficar atrás dessa corrida. Não vamos competir com a China, com as tecnologias produzidas no Vale do Silício ou ter a política de educação como implementou a índia. Agora, na economia de observação da natureza, na produção, é inadmissível ficarmos para trás. A Amazônia responde por 60% do território brasileiro, existe uma grande oportunidade, e os cientistas já mandaram sinais inequívocos de que não há outro caminho senão deter o desmatamento, a sociedade também não tolera mais, e temos de  investir na economia da floresta em pé. Bancos e empresas já perceberam isso”, disse Mariano Cenamo, do Idesam.

O painelista Leonardo Letelier, da Sitawi – Finanças do Bem disse ser preciso mobilizar o capital para captar o impacto ambiental positivo, ou seja, promover o desenvolvimento da região com a floresta em pé.

Letelier citou a promoção de rodadas de empréstimo coletivo para a Amazônia, que atraem grandes investidores  preocupados com a preservação ambiental. “São pessoas e empresas que não querem que a região se desenvolva através de desmatamentos ou queimadas”, pontuou.

Daniel Contrucci, da Climate Venture, disse que há de haver ambição do empresariado de longo prazo, uma visão que considere metas e princípios acordados com a sociedade e poderes públicos, inclusive para superar uma realidade de logística que torna o investimento difícil para muitos investidores.

Desmatamento não é desenvolvimento  

Beto Veríssimo ponderou que existem maneiras de geração de riquezas. “O primeiro que precisamos desmistificar é que o desenvolvimento está atrelado ao desmatamento. Não está”, afirmou. Ele deu o exemplo do Pará, que em 1940 figurava em 7º lugar no PIB brasileiro, e em 2012, aparecia como o 20º. “O segundo é o conceito é a produção dos serviços ambientais, o que pode representar grandes oportunidades de negócio”, frisou.

Beto Veríssimo considerou, ainda, que a agenda do empreendedorismo para a Amazônia é recente e promissora, ressalvando que Rondônia revelou ter grande capacidade empreendedora e isso pode ser usado nestes novos tempos, para uma economia sustentável da região.

Amazônia +21 

O Fórum Amazônia + 21 é uma iniciativa para mapear perspectivas e buscar soluções para temas relacionados ao desenvolvimento da região e melhoria da qualidade de vida dos mais de 20 milhões de cidadãos que vivem na Amazônia Legal. O programa é uma realização da Federação das Indústrias de Rondônia (Fiero),  Prefeitura de Porto Velho, através da ADPVH, com apoio do governo de Rondônia e com correalização da Confederação Nacional da Indústria (CNI)  e Instituto Euvaldo Lodi (IEL).