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Rondonistas ensinam preparo de inseticidas naturais

Gustavo, estudante de agronomia, explicou técnicas de adubação foliar.
Gustavo dá aulas a agricultores. Foto: Lane Barreto.

Ministério da Defesa, texto Lane Barreto.

Acrelândia (AC), 17/08/2019 A substituição do uso de agrotóxicos por inseticidas naturais e preparo de armadilhas caseiras para o combate de pragas no campo foi tema da aula ministrada por Gustavo Donizete Figueiredo, 21 anos, e equipe de rondonistas, no munícipio de Acrelândia (AC), localizado a 110 quilômetros de Rio Branco.

A oficina “Inseticidas Naturais e Armadilhas” atendeu pequenos agricultores do município. A aula ocorreu na quarta-feira (10) e foi organizada por professores e alunos de agronomia de uma universidade de Alfenas (MG).

Gustavo, estudante do 7º período de agronomia, explicou técnicas de adubação foliar, que consiste no uso de urina de vaca para proteger plantas de insetos. Ensinou o preparo de inseticidas feitos com calda de fumo ou com detergente e óleo de cozinha; de fungicidas à base de leite ou de bicabornato de sódio; e de armadilhas para mosca de frutas e broca do café.

Filho de produtor, Gustavo seguiu o caminho do pai e cultiva algumas plantações na roça. “O conhecimento prático levo para faculdade, aplico na teoria e faço essa dinâmica”, comentou empolgado o estudante.

Quando criança, Gustavo sonhava ser veterinário, mas no período do ensino médio fez o curso técnico em agropecuária, fase em que surgiu o interesse pela agricultura. “Com 14 anos, iniciei o técnico em agropecuária e foi aí que me despertou a paixão pela agricultura”, disse.

O universitário, do pequeno município mineiro de Divisa Nova (MG), com cerca de 6 mil habitantes, deixou aos agricultores de Acrelândia um importante alerta em relação ao uso impróprio de agrotóxicos. “Hoje, temos muito problema de utilização indevida de agrotóxico nas propriedades daqui. Por isso, a ideia de aplicar os produtos naturais e afastar desse pessoal um pouco a prática dos agrotóxicos”, orientou.

Geraldo Rodrigues mora na zona rural de Acrelândia e trabalha com a agricultura desde os seis anos. Atento e participativo à palestra, o agricultor diz ter sido intoxicado após o uso de veneno na graviola. “Passei um produto agrotóxico na fruta. Quando comi, com meia hora meu estômago embrulhou”, disse.

O agricultor mostrou-se bastante agradecido pelos conhecimentos transmitidos pelos jovens universitários. “O que aprendi vai ajudar na nossa saúde”. Ainda sobre a palestra, Geraldo disse que vai repassar o conhecimento adquirido a outras pessoas da comunidade. “Isso aqui a gente aprende e repassa para os outros”, relatou.

Em relação ao uso de agrotóxicos nas lavouras, o estudante Gustavo explicou que o produto químico é mais direcionado à necessidade dos grandes produtores, e, geralmente, em pequenas propriedades, pode ser substituído por receitas caseiras. “Grandes produtores não têm como fazer sempre utilização de produtos naturais, mas é interessante que os pequenos produtores busquem conhecê-los”, afirmou.

Para quem usa agrotóxicos sem nenhuma orientação, o universitário deixou como principal orientação a necessidade do uso de vestimentas apropriadas para evitar qualquer tipo de contaminação. Aconselhou ainda a busca por orientação antes de manipular o produto.

“É importante ter o registro de quem está vendendo o produto para você, pegar orientação sobre dosagem, época e período para aplicação, roupa que deve está utilizando, armazenamento e descarte. Além disso, deve-se ter o costume de ler as bulas, explicou.

Geraldo Rodrigues e esposa com certificado de participação na oficina. Foto: Lane Barreto.

Com perfil simples, mas com visível domínio sobre o assunto, o universitário do sul de Minas relatou estar acostumado proferir palestras sobre o que aprende na faculdade aos moradores de sua cidade. “Faço muitos estágios na faculdade e integro uma associação de produtores de café e leite de minha comunidade. Sempre retransmito informações, como fazer uma análise de solo, coisas práticas de nossa área de agronomia”, esclareceu.

Mesmo com toda experiência em ministrar palestras, Gustavo diz que participar do Projeto Rondon está sendo uma experiência nova na sua vida. “É uma sensação tão boa você apresentar um conhecimento para aquela pessoa e ver a gratidão deles. É como chegarmos com informação e aquela pessoa fazer aquilo parecer um troféu”, finalizou.

A Operação Vale do Acre, do Projeto Rondon, teve início no dia 6 e segue até 20 de julho. As iniciativas da Operação Vale do Acre ação ocorrem em 12 municípios acreanos e contam com a participação de 250 estudantes e professores de 25 Instituições de Ensino Superior (IES) de todo o país.

Iniciativa coordenada pelo Ministério da Defesa, integram o Comitê de Orientação e Supervisão do Projeto Rondon os ministérios da Justiça e Segurança Pública, da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, da Educação, da Cidadania, da Saúde, do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Regional, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Secretaria de Governo da Presidência da República.