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Estudo de cientistas na Margem Equatorial mostra que correntes marítimas seguem em direção contrária à costa

Trabalho de comunidade científica confirma estudo e modelagem feita pela Petrobras na região; expedições investigam sistemas recifais na Foz do Amazonas.
Na Margem Equatorial, os blocos estão longe da costa, em águas profundas. Foto: André Motta de Souza/Ag. Petrobras.

A Petrobras divulgou nota na qual afirma que o lançamento na Margem Equatorial de mais de 428 derivadores (equipamentos que medem o comportamento das correntes marítimas) pela comunidade cientifica, sendo 84 deles na bacia da Foz do Amazonas, confirmam os estudos e modelagens realizados pela Petrobras e aprovados pelo Ibama, no licenciamento ambiental do bloco FZA-M-59.

Esse bloco, que abrange o Estado do Amapá e parte do Pará, foi concedido à Petrobras e a uma empresa estrangeira – que saiu posteriormente do negócio – em 2013 na 11ª rodada de licitações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Até hoje não foi explorado, e desde meados do ano passado a Petrobras aguarda licença do Ibama.

Os estudos demonstraram que as correntes marítimas seguem direção em sentido contrário à costa brasileira. Significa que, se houver eventual vazamento de óleo, o produto não iria para a costa brasileira.

O Ibama usou informações do Greenpeace, uma das entidades ambientalistas contrárias à exploração de petróleo na Foz do rio Amazonas, da existência de recifes de corais na região, o que é desmentido por dois cientistas referenciados aqui no blog, que tem publicado diversos textos sobre o assunto.

A petrolífera está fazendo investimentos para conseguir a licença definitiva do Ibama para explorar a bacia mencionada, atendendo suas exigências e, por isso, uma segunda expedição do projeto de Caracterização Ecológica de Sistemas Recifais da Bacia da Foz do Amazonas será realizada no segundo trimestre de 2024, dando continuidade à primeira, realizada em junho de 2023.

O objetivo é ampliar estudos e aprofundar a investigação científica na região. As expedições ampliam a colaboração com grupos de pesquisa do país – em especial dos estados da região da Margem Equatorial, e contam com a participação de 29 pesquisadores, provenientes de nove instituições, além do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Ministério da Ciência e Tecnologia e Marinha do Brasil.

A Petrobras e parceiros utilizam o navio Vital de Oliveira nas expedições científicas. A que aconteceu no ano passado foi um cruzeiro oceanográfico no Amapá com o objetivo de identificar a ocorrência de ambientes recifais, que abrangeu o mapeamento detalhado do leito marinho e a coleta de amostras para estudar a composição biológica e geológica do fundo. Os resultados preliminares estão sendo publicados em revista especializada para divulgação à comunidade científica.

Segundo a nota da Petrobras, estão sendo investidos mais de R$ 350 milhões de 2021 a 2028 em projetos de pesquisa, projetos socioambientais e de monitoramentos associados ao licenciamento e projetos de responsabilidade social nos seis estados da Margem Equatorial.

Na nota, a empresa novamente afirma que os blocos da Margem Equatorial se encontram distantes da costa, em águas profundas e ultraprofundas. “No caso do Bloco FZA-M59, a perfuração de poço exploratório deve ocorrer a uma distância de 160 km da costa e a mais de 500 Km a noroeste da foz do rio Amazonas. A Petrobras ratifica seu compromisso com a ciência e com o país,” diz, afirmando ainda que não pretende fazer “perfurações na região costeira ou em áreas sensíveis.”

Atuação na Amazônia

A petroleira brasileira lembra que tem mais de 70 anos de atuação. Iniciou na década de 50 as primeiras perfurações de poços nas bacias sedimentares terrestres do Amazonas e Solimões, e na década de 70 ocorreram as primeiras perfurações em águas rasas na Bacia da Foz do Amazonas.

Nessa localidade, foram mais de 70 poços perfurados pela Petrobras. “Além disso, perfuramos poços e produzimos petróleo e gás no Polo Urucu, na Floresta Amazônica, desde 1988. Todas essas operações foram e são realizadas com total segurança e responsabilidade, de forma sustentável e sem danos ao meio ambiente,” destaca a nota.

A Petrobras diz ainda que atua promovendo o desenvolvimento científico na região em parcerias com instituições científicas.

“Ainda na fase de planejamento das atividades em Urucu, a Petrobras, em parceria com diversas instituições, elaborou diretrizes para atuação sustentável na Amazônia com renomados pesquisadores. Tais diretrizes foram implementadas e até hoje são seguidas pela empresa. Uma diversidade de mais de 1.500 espécies de flora e fauna foram catalogadas, fomentando o conhecimento científico sobre a biodiversidade na Amazônia,” diz.

Outros dois projetos são mencionados pela empresa. São de pesquisa e levantamento de dados de campo: o projeto Piatam, desenvolvido entre 2000 a 2009, e o projeto Síntese do Conhecimento Ambiental – Áreas Estratégicas da Amazônia, entre 2012 e 2016.

Ambos contaram com a participação de mais de 10 instituições de pesquisa da região (COPPE, UFRJ, UFPA, UFMA, UEMA, Museu Paraense Emílio Goeldi, UFRA, CENSIPAM, IEPA, IEC, dentre outros), 275 pesquisadores, mais de 55 artigos publicados, 27 teses de mestrado, sete teses de doutorado, quinze laboratórios equipados e três centros de pesquisa reformados.

Tiveram como objetivo levantar dados de campo socioambientais integrados da floresta, dos complexos fluviais amazônicos e das regiões costeiras, marítimas e oceânicas dos estados do Amazonas, Amapá, Pará e Maranhão, englobando quatro bacias sedimentares marinhas da margem equatorial.